Por Monsenhor José Constância
As minhas comunicações como comentário-eco à Assembleia Plenária do nosso Conselho Presbiteral deste ano, colocaram em destaque, segundo a minha opinião, aspetos importantes teórico-práticos subjacentes à vida da nossa Diocese e de nós presbíteros.
Retomo as questões: O modelo conciliar de Igreja é o do “Povo de Deus”. Será caso para dizermos como estamos ainda longe desta visão pois a nossa cá é ainda muito pirâmide; uma Igreja ministerial toda evangelizadora e missionária tem como finalidade a sinodalidade. A nossa sinodalidade não será muito teórica e sem concretizações em algumas paróquias que estão como “mortas” e num certo liberalismo pastoral ainda no todo diocesano?!
Nós, com todos devemos construir em conjunto a Igreja: Diáconos, Presbíteros, Bispo, Religiosos(as) e leigos(as). Evitemos o clericalismo em nós padres e também o protagonismo laical como se não fosse necessário pastor. Mais: teremos de entrar numa nova maneira de ser e fazer pastoral. Queremos este caminho de trabalho no futuro? É que o grito do futuro e o seu eco é o que conta agora e de que falo neste último artigo.
É no presente bem encarado e no futuro antecipado que temos de viver. O nosso grito do futuro tem de ser forte e o seu eco tem de chegar longe. O futuro da Igreja dos Açores está na presença desta no futuro do mundo e na vida das nossas ilhas. Assim, o futuro dá-se no mundo e o futuro da nossa Igreja poderá ser uma primavera de grande esperança.
O grito de esperança e o seu eco levar-nos-á até 2034 (ano da celebração do meio milénio da Igreja nos Açores) e levantar-nos-á dos túmulos do pessimismo, do desânimo, da depressão e da divisão. O que vai ser o nosso futuro e ao que nos levará o futuro da nossa Igreja é obra, em primeiro lugar do Espírito Santo de Deus. Que quererá dizer à nossa Igreja nos próximos tempos o Espírito Santo?
A sua voz, o seu grito terá de ser o nosso, num trabalho que concretize aquela frase: o Espírito Santo e nós decidimos o melhor. Oxalá, que assim seja!
O nosso futuro e o seu grito é ouvido e apreendido ao ritmo da comunhão com as outras dioceses de Portugal e no horizonte do pós-jornadas mundiais da juventude, bem como em comunhão com o Sínodo de Roma em 2023 e 2024.
O nosso caminho até 2034 constituirá um processo pastoral e um itinerário formativo de alcance. Não queremos meros eventos, mas sim que as iniciativas solidifiquem o chão pastoral das nossas ilhas. Teremos um novenário, ou três triênios para captar os sinais dos tempos, para discernirmos e para agirmos com actualidade. Já muitas coisas foram sugeridas!
Em 2025 viver-se-á, com toda a Igreja Universal o Ano Santo (“Peregrinos da Esperança”); depois teremos as conclusões-concretizações sobre a Sinodalidade que ajudarão a que celebremos o nosso tão desejado Sínodo Diocesano, acontecimento, com certeza, inevitável. Há sugestões, também, que haja uma grande Assembleia Diocesana de Leigos; assim, como um triênio preparatório que abrace todos os Açores com a diáspora para vermos a missionação da nossa Igreja Local por todo o mundo.
Nas vésperas do ano jubilar (500 anos) teremos a publicação da História Religiosa dos Açores ou da História da Diocese entrando, propriamente, depois nas celebrações dos 500 anos.
Queremos que o futuro da nossa Igreja na próxima década a solidifique nas nossas casas, nas nossas famílias, nas paróquias, nos movimentos, mas também no cultural e social dos Açores.
Com a bússola das conclusões, que foram enviadas da nossa Diocese para o Sínodo de Roma, temos ajuda para o nosso rumo pastoral. A ajudar-nos na formação e na ação teremos o trabalho do Seminário Episcopal de Angra, do Instituto Católico de Cultura, das Escolas de Formação Cristã das Ouvidorias, dos Serviços Diocesanos e do grupo que coordenar as celebrações dos 500 anos da nossa Igreja.
Queremos que o coração da nossa Igreja esteja no coração do mundo das nossas ilhas.
São estes os meus votos de presbítero (de idade avançada no nosso presbitério) e de quem quer oferecer o que de melhor pode dar, que é a oração, qual incenso de louvor pelo bem da nossa Igreja ao serviço do Reino nestes nossos queridos Açores.
*Este texto é o quinto e último de uma série de considerações proferidas por Monsenhor José Cosntância sobre o Conselho Presbiteral de abril de 2023