A Igreja Povo de Deus nos Açores… Como?
Por Monsenhor José Constância*
Realizou-se de 25 a 27 do mês de abril passado a Sessão Plenária do Conselho Presbiteral, no Centro Pastoral Pio XII, em Ponta Delgada com a presença e participação de quase quarenta padres. Foi uma bela experiência sinodal com o nosso novo Bispo, D. Armando Esteves Domingues.
Pretendo fazer “Eco” em cinco comunicações, neste nosso site, tratando cinco aspetos que foram transversais aos trabalhos ali realizados e que tiveram expressão no comunicado oficial e final.
A palavra do Senhor Bispo, as respostas dos Ouvidores, os trabalhos de grupos, o diálogo nos plenários e as conclusões insistiram em termos conciliares e sinodais na Igreja como Povo de Deus.
A Igreja por toda a parte e nos Açores, apesar de se definir e de querer ser povo de Deus, ainda é pouco comunhão, pouco circunferência, mas sim muito pirâmide e bastante clerical.
Para que a Igreja seja povo de Deus no mundo dos Açores é necessário que todo o povo tenha a Igreja como sua, dê a sua opinião e também participação; para que os cristãos estejam presentes evangelicamente nos mundos da cultura, da política da economia, etc. e as comunidade cristãs possam integrar os homens e mulheres que estão “distantes” cristãmente, todos aqueles que estão na margem da Igreja bem como os militantes e praticantes nas paróquias.
Uma gestão do conhecimento prático deverá reunir os dados significativos sobre a realidade social, económica e cultural a fim de se edificar a Igreja que parta do «verdadeiro da vida» e seja também “uma voz profética”.
O Evangelho explicitado e concretizado na doutrina social da igreja que deve estar ao alcance de todos e a realização habitual de Assembleias, Conselhos Pastorais, a todos os níveis, e de uma coordenação pastoral funcional deve permitir que nos Açores a Igreja tenha uma corresponsabilidade eclesial real a partir das bases.
Uma teologia popular e uma pastoral prática, farão com que o «cristianismo católico«, tenha uma nova “incarnação histórica” nos nossos Açores, neste caminho sinodal rumo aos 500 anos da fundação da nossa Diocese que ocorrerá no ano de 2034.
Não bastará só fazer uma boa História Religiosa dos Açores ou uma História da nossa Igreja local, como vamos ter; se no fundo da nossa religiosidade popular e no cerne da nossa evangelização capilar em toda a geografia dos Açores não reconfiguramos as nossas comunidades cristãs.
Assim, a Igreja dos Açores será povo de Deus na realidade das nossas ilhas se a sua orientação e coordenação tratarem os problemas reais do presente e do futuro do nosso arquipélago.
Só uma conversão ou mudança de mentalidade e de paradigma pastoral farão com que o coração da nossa Igreja esteja no coração do nosso mundo.
*Monsenhor José Constãncia é membro do secretariado permanente do Conselho Presbiteral e Diretor do Instituto Católico de Cultura. Este é o primeiro de cinco artigos sobre as temáticas desenvolvidas no Conselho Presbiteral de abril de 2023.