“É uma razão de esperança ver o vosso compromisso comunitário” referiu o bispo de Angra na visita à Freguesia de Santo Espírito

D. Armando Esteves Domingues visitou a campa onde está sepultado o seu predecessor D. António Sousa Braga, natural desta freguesia da ilha de Santa Maria

Foto: Paróquias da ilha de Santa Maria

A memória, o carinho e a simplicidade e a santidade de D. António Sousa Braga, 38º bispo de Angra foram, porventura, o tema que marcou a visita do atual bispo de Angra à paróquia de Santo Espírito no terceiro dia da visita pastoral à ilha de Santa Maria.

D.Armando Esteves Domingues, que chegou a privar com o bispo de Angra, já emérito, na Conferência Episcopal quando era bispo auxiliar do Porto, recordou o seu antecessor como um homem “bom e santo” recordando que antes de iniciar esta visita já tinha pedido, em oração, a sua intercessão e hoje voltou a fazê-lo quando visitou o cemitério local onde o seu corpo está sepultado.

“Obrigada a toda a sua família e obrigada a todas as famílias que deram os seus parentes mais próximos à vida religiosa” começou por dizer o bispo de Angra na celebração com que terminou a visita pastoral a esta paróquia, onde crismou dois adultos e foi recebido por um grupo de foliões.

“Aqui encontrei razões para a esperança desta igreja particular e desta igreja em Santa Maria” disse o prelado que se confessou “de coração cheio”.

“Espalhem este vosso espírito comunitário por toda a ilha”, desafiou D. Armando Esteves Domingues.

“A evangelização hoje tem como nunca uma tónica relacional; se formos concorrentes e mandões uns para os outros não conseguiremos evangelizar. Todos somos importantes e todos caminhamos juntos e eu aqui vi esse desejo. Vejo-o Santa maria, onde os sacerdotes já caminham juntos e vejo na vossa comunidade”, disse ainda o prelado, que elencou ainda outras razões para a sua esperança: “o amor que a comunidade nutre pelos seus sacerdotes- os atuais e os passados- , a forma como se cuidam os idosos, que pude verificar na visita aos doentes; a forma como os membros do Conselho Económico zelam e se empenham na preservação das suas igrejas e ermidas, ou como as senhoras trabalham na cooperativa”, disse D. Armando Esteves Domingues.

“Em Santa Maria este vento conciliar já chegou há muito tempo; já todos se sentem parte uns dos outros e este  caminho que a Igreja faz em conjunto é uma luz; esta colaboração entre os cristãos tem reflexos  nas obras e na vida comunitária, na vida de todos”, explicitou ainda.

“Outra das razões de esperança que encontrei aqui foi esta vontade de servir”, concluiu.

“Que bom seria que assim continuassem, mesmo que sejam poucos”, disse.

Neste terceiro dia da visita pastoral, D. Armando Esteves Domingues passou a manhã a visitar o  Museu de Santo Espírito , seguindo-se a Junta de Freguesia e depois a Cooperativa de Artesanato de Santa Maria, constituída em 1989, fundada com o intuito de dinamizar a economia da pequena freguesia de Santo Espírito e não deixar perder as tradições artesanais de Santa Maria, nas áreas de tecelagem, do fabrico de pão e da doçaria.

“Este espaço é o resultado da iniciativa de um grupo de mulheres da freguesia, estando dividido em dois espaços distintos: a arte da tecelagem, possível de ser observada e adquirida pelo/a visitante, é certificada pela marca Artesanato dos Açores, bem como a área de fabrico de pão e doçaria tradicional, como as cavacas, os biscoitos de orelha, amoníaco, encanelados, manteiga, chocolate, as júlias e os biscoitos de orelha” pode ler-se na sua página online.

Seguiu-se uma visita à Escola primária Dom António Sousa Braga, à Casa do Povo de Santo Espírito e aos doentes e finalmente à Filarmónica, que já conta com 102 anos.

A paróquia de Santo Espírito tem como orago principal Nossa Senhora da Purificação e é uma paróquia rural do concelho de Vila do Porto.

Localiza-se na parte Leste da ilha, confrontando com a freguesia de Santa Bárbara e Almagreira. Segundo os dados dos censos de 2011 a freguesia de Santo Espírito é habitada por cerca de 610 pessoas – um quarto da população de há cinquenta anos atrás.

Gaspar Frutuoso referiu-se a ela afirmando “chama-se ali Santo Espírito, onde dizem os antigos que na ilha se disse a primeira missa do Espírito Santo, quando entraram nela, e dali ficou nomear-se ainda hoje em dia esta freguesia de Santo espírito, sendo ela depois edificada, como agora está, da invocação da Purificação de Nossa Senhora, sem perder aquele nome antigo”. De resto esta festa é muito significativa e hoje, mesmo, o bispo de Angra foi recebido na Igreja pelo cântico de um grupo de foliões.

A Igreja Paroquial, construída em 1560 e alterada durante o século XVIII, apesar de ser dedicada a Nossa senhora da Purificação, também está associada aos festejos em honra do Espírito Santo. Trata-se de um templo do estilo barroco, tipicamente açoriano, com a fachada branca recortada pela pedra cinza extraída da lava do vulcão depois de solidificada.

Para além desta igreja, existem nesta freguesia: As Ermida de Santo António, de Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Piedade , Nossa senhora da Boa Morte (e a Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres.

“Escolhei sempre o amor; quem ama não mata, não foge do caminho do bem, não foge de amar o próximo e de fazer o bem”- D. Armando Esteves Domingues

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