Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz fez conferência sobre Doutrina Social da Igreja em Ponta Delgada
“O que nos diz hoje a doutrina social da igreja” foi a pergunta de partida para a conferência proferida esta quinta feira à noite pelo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, na Igreja Matriz de Ponta Delgada.
A iniciativa promovida pela ouvidoria, em parceria com a paróquia de São Sebastião, em Ponta Delgada, que este fim de semana está em festa para celebrar o seu padroeiro, refletiu sobre os pilares da Doutrina Social da Igreja que “nos podem iluminar em muitos aspetos da vida atual”.
O Juíz Conselheiro, que é o convidado do programa de rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo ao meio dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, afirmou que “é com alguma preocupação que vemos crescer estes nacionalismos de exclusão, para os quais temos de estar particularmente alerta”.
“Não precisamos de ser alarmistas mas temos de estar conscientes que o mundo não precisa de barreiras mas de pontes”, referiu Pedro Vaz Patto.
O responsável por um dos organismos mais importantes da Igreja católica em termos de formação das opiniões públicas, sublinhou a importância de responder a estes “nacionalismos de exclusão sem medo e preconceitos” e a Igreja pode “ter um papel importante”.
Sobre o novo contexto político mundial, em concreto depois das afirmações proferidas reiteradamente pelo novo presidente norte americano, o juiz conselheiro salientou que “são muitos os interesses em jogo” e os “EUA também perdem se começarem a fechar fronteiras”
“O mundo é interdependente e para o próprio interesse dos EUA, prosseguir políticas demasiado protecionistas, sem o mercado livre ou sem acessos livres de pessoas e bens, haverá poucas vantagens” referiu Pedro Vaz Patto.
Na entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, o juíz conselheiro
destaca que hoje “mais do que nunca” somos “desafiados a afirmar os valores cristãos” e a apelar a essa matriz na construção europeia.
“O papa Francisco tem salientado a importância de construir pontes e não erguer muros. É esta mentalidade que afasta o medo do outro, de quem é diferente e nos propõe algo de positivo” refere o responsável.
“É um desafio para a atual situação da Europa que está a braços com o problema dos refugiados, mas é também um desafio para a consolidação do processo de construção europeia que radica nos valores cristãos e que nos devem impelir a acolher os estrangeiros, estes refugiados que estão em situação de perigo de vida”, acrescenta.
“São pessoas que não vêm à procura de uma vida melhor mas de salvaguardar a própria vida” precisa, lembrando que “esta mensagem pode ser contra a corrente mas é a mensagem que temos de continuar a divulgar enquanto igreja que somos”.
“Os pilares da Doutrina Social da Igreja, que não é um programa de governo mas também não é um conjunto de ideias vagas, servem-nos de luz para encarar estes momentos mais difíceis”.
Para o juiz Pedro Vaz Patto questões como a dignidade humana, o sentido do trabalho, o destino universal dos bens e como é que ele se articula com o principio da propriedade privadas, são questões “atuais e para as quais a Doutrina Social da Igreja nos dá muita luz”.
A entrevista do Presidente da Comissão Justiça e Paz vai para o ar este domingo, ao meio dia, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.