Por Renato Moura
É outra vez Natal. Jesus vem do lado do Pai e nasce para estar deste lado, também para nos ensinar como é possível estar na banda dos humanos, passar pelas dificuldades terrenas, ultrapassar os obstáculos.
Por esta altura, como sempre, tanta gente terá gestos de solidariedade para com os mais necessitados, que assim terão, pelo menos, um dia melhor. Será melhor do que nada. Como também não é mau subsidiar uma ocupação temporária e dar algum dinheiro, mas, na verdade, as pessoas continuam sem emprego… É como dar um peixe, mas melhor seria ensinar a pescar.
Neste Natal já não estão connosco alguns amigos. É sempre assim. A vida passa depressa e frequentemente estamos deste lado sem aproveitar com alegria o tempo que nos foi dado, sem percorrer os caminhos da nossa missão e sem cumprir os desígnios da nossa vocação.
Certamente que haveria mais alegria de Natal em cada dia, se fossemos capazes de nas decisões e nos gestos nos colocarmos no lado dos outros. Os simples cidadãos, mas sobretudo aqueles que pagamos para terem responsabilidades de decisão.
Seria muito melhor se o patrão que regateia o salário pensasse em como era quando estava da lado do trabalhador, ou como seria se um dia tivesse estado. Se os dirigentes das associações empresariais se esforçassem por perceber como é que vivem as famílias com um salário mínimo tão pequeno, que todavia tentam não aumentar. Como é humanamente possível estar do lado das imposições, sem a disponibilidade para avaliar o lado dos incentivos?
Seria bem melhor se os governantes pensassem, quando impõem as medidas duras, que já foram e um dia voltarão a ser contribuintes. Que os legisladores ponderassem o que sentirão, do outro lado, os que terão de as cumprir. Que os banqueiros pensassem que guardam o dinheiro, mas que ele é dos outros, que não podem arrecadar os lucros legítimos e ilegítimos e distribuir os prejuízos da irresponsabilidade.
Seria bem diferente se os professores tiranos pensassem que já foram alunos. Se os filhos pensassem que um dia serão pais. Se os que trabalham nos cuidados para a saúde sentissem que algum dia estarão doentes. Se os que cuidam dos idosos admitissem que podem chegar a velhos.
Que o Natal não seja apenas mais um. Que todos, com a ajuda de Jesus, façamos tudo quanto for possível, para que todos os dias, nós e os outros, se necessário nos coloquemos do lado necessário para fazer o bem, praticar a solidariedade, impor a verdade, lutar pela liberdade, condenar a irresponsabilidade, exigir a justiça.