É «impossível» falar em família humana com «filhos de primeira e de segunda», alerta presidente da Cáritas

Semana dedicada à organização católica celebra-se entre 1 e 8 de março

Começa este domingo a Semana Nacional da Cárita subordinada ao tema “Num só coração uma só família humana”.

A Cárias na diocese de Angra assinala a iniciativa. Na Terceira a abertura da semana da Cáritas celebra-se com a exposição de uma tela inacabada que está na ermida de Nossa Senhora da Saúde, na Praça Velha, em Angra do Heroísmo, onde várias pessoas são convidadas a colocar a sua impressão digital ou a pintar uma folha, exprimindo desta forma um compromisso com as causas sociais deste serviço oficial da Igreja, em particular a deste ano.

A iniciativa decorre nos dias 2,3 e 4 de março e contará coma  presença, entre outros, da Secretária Regional da Solidariedade e segurança Social e os presidentes das câmaras de Angra do Heroísmo e da Praia da Vitória, dirigentes da IPSS´s da ilha e as crianças dos colégios de Angra. Nos restantes dias da semana nacional será feito o peditório.

“Cada Cáritas tem autonomia para celebrar esta semana, mas estamos todos unidos no mesmo lema e no mesmo objetivo que é ajudar quem precisa”, disse ao Sítio Igreja Açores a responsável diocesana, Anabela Borba.

O Bispo de Angra na sua mensagem para a Quaresma de 2015 pediu aos açorianos para combaterem a “indiferença generalizada” e terem presente nesta caminhada quaresmal a semana “Num só coração uma só família”.

“Como sabemos, a Caritas é o serviço oficial da Igreja, em apoio à acção social, no sentido mais abrangente de promoção social, que vai para além da simples ajuda material. É de toda a importância apoiar essa acção e desenvolver uma rede de  intercâmbio e de colaboração com a Caritas Diocesana”, disse D. António de Sousa Braga.

 

 

Também o presidente da Cáritas Portuguesa explicou, no contexto da Semana Cáritas, os objetivos desta iniciativa e partilhou preocupações como a questão da habitação e da fome numa sociedade onde há “filhos de primeira e de segunda”.

“No nosso país alguns continuam sentados à mesa confortavelmente, pessoas que pouco têm sido molestadas pela crise económica e financeira. Enquanto outros, que são também filhos desta nação, têm sido altamente flagelados pelas medidas de combate à mesma crise”, disse Eugénio Fonseca.

À Agência ECCLESIA, o responsável comentou que havendo filhos de primeira e de segunda ou “filhos e enteados não há família” e manifesta diversas preocupações desde a saúde às carências alimentares sem esquecer a questão da habitação, “o que é primário”.

Com o lema “Num só coração, uma só família humana” a Semana Cáritas pretende “consciencializar a humanidade de que é possível a erradicação da fome no mundo” no contexto da campanha da Caritas Internationalis com o mesmo mote, “Uma só família humana”.

Segundo Eugénio Fonseca, “só a solidariedade” pode atingir o objetivo de matar a fome, em família, mas é preciso assumir-se atitudes de maior justiça social uma vez que há fome no mundo “não porque haja menos recursos”.

“A quantidade de desperdício alimentar é muito superior àquela quantidade de alimentos que seria necessária para garantir a subsistência das pessoas que hoje passam fome”, alertou o responsável que apelou à consciência de família mundial que tem de lutar contra a “civilização muito materialista” que “gerou ou está a gerar um individualismo atroz”.

 

Neste contexto destaca que na perspetiva de fé, para os cristãos, as fronteiras humanas ou territoriais, “devem ser apenas entendidas como formas de organização social ou territorial” e não têm que ser forçosamente “muros a dividir os seres humanos”.

Durante a Semana nacional Cáritas, em cada diocese, de acordo com as suas possibilidades, vai haver um momento de reflexão à volta deste tema, um programa específico com conferências, exposições e dádivas de sangue, entre o dia 1 e 8 de março.

Uma das iniciativas desta semana especial é o peditório público, desta quinta-feira a domingo, e em “todas as cidades” quem solicitar esse apoio vai estar “qualificado com o símbolo da Cáritas”.

“Cumprimentem e deem um abraço aos voluntários. Isso também dá ânimo a quem anda na rua porque não é fácil mas sobretudo que não digam palavras de desencorajamento”, pediu o responsável.

No Dia Nacional da Cáritas, 8 de março, terceiro domingo da Quaresma, o peditório em todas as igrejas vai ser entregue à Cáritas dessa diocese, para “acudir às necessidades dos nossos irmãos que nos estão mais próximos”, esclarece. Nos Açores a coleta das missas dominicais revertem a favor da Cáritas diocesana.

CR/Ecclesia

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