Investigações visam antigos responsáveis de comissão ligada à organização das estruturas económico-administrativas da Santa Sé
O Vaticano anunciou hoje a prisão de duas pessoas, monsenhor Lucio Angel Vallejo Balda e Francesca Chaouqui, no âmbito de investigações, “iniciadas há alguns meses”, relativas à “subtração e divulgação de notícias e documentos confidenciais”.
“No sábado 31 de outubro e no domingo 1 de novembro, foram convocadas duas pessoas para serem interrogadas com base nos elementos recolhidos e nas provas obtidas”, assinala um comunicado oficial divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé.
Monsenhor Lucio Angel Vallejo Balda e Francesca Chaouqui foram respetivamente secretário e membro da Comissão relativa ao estudo e orientação sobre a organização das estruturas económico-administrativas da Santa Sé (Cosea), instituída pelo Papa em julho de 2013 e posteriormente dissolvida, após cumprir o seu mandato.
“Como consequência dos interrogatórios, estas duas pessoas foram presas tendo em vista a continuação das investigações”, refere a nota de imprensa.
Esta manhã, o departamento do promotor de justiça do Vaticano validou a prisão e decidiu libertar Francesca Chaouqui, sem exigência de medidas cautelares, “devido à sua colaboração nas investigações”.
Já a posição de monsenhor Vallejo Balda permanece sob análise, continuando preso.
A Santa Sé recorda que a divulgação de notícias e documentos confidenciais é um crime previsto pela lei n. IX do Estado da Cidade do Vaticano (13 de julho de 2013).
O comunicado oficial alude depois aos livros “anunciados para os próximos dias” com informações confidenciais sobre as finanças do Vaticano (‘Via Crucis’, de Gianluigi Nuzzi, e ‘Avareza’, de Emiliano Fittipaldi, ndr).
Esclarece-se que também desta vez, como já aconteceu no passado, [os livros] são fruto de uma grave traição da confiança atribuída pelo Papa e, em relação aos autores, de uma ação para tirar vantagem de um ato gravemente ilícito de entrega de documentação confidencial”, lamenta a Santa Sé.
A nota oficial admite que estas publicações poderão ser alvo de ações “jurídicas e eventualmente penais” por parte da Justiça do Vaticano, “recorrendo, se for o caso, à cooperação internacional”.
“Publicações deste género não ajudam de modo algum a estabelecer clareza e verdade, mas geram confusão e interpretações parciais e tendenciosas. É preciso evitar totalmente o equívoco de pensar que esta seja uma forma de ajudar a missão do Papa”, conclui o comunicado de imprensa.
CR//Ecclesia