O tema será exposto pelos Padres Adriano Borges e Júlio Rocha
O Movimento dos Cursilhos de Cristandade (MCC) realiza esta sexta feira a segunda conferência formativa do ano pastoral a partir da reflexão do Papa Francisco sobre as 15 doenças da Igreja, que terá lugar no Salão Nobre do Seminário Episcopal de Angra, na ilha Terceira.
A iniciativa, inserida no âmbito formativo dos cursistas ao longo do ano pastoral, vai ser orientada pelos Padres Adriano Borges, Ecónomo da Diocese e professor no Seminário Episcopal de Angra e Júlio Rocha, Asssistente Espiritual Diocesano do MCC e Professor de Teologia Moral, também no Seminário.
O tema já esteve, de resto, em análise nos dois turnos do Clero que decorreram em São Miguel e na Terceira na última semana de janeiro e na primeira de fevereiro, respetivamente, orientados pelo padre Claritiano Abel Pina Ribeiro.
Recordo que o Papa, num encontro na sala Clementina, no Vaticano, para as tradicionais felicitações de Natal, dirigiu-se aos membros da Cúria Romana identificando 15 “doenças” que ameaçam a igreja e a transformam “num corpo doente”.
Entre as doenças estão males como o “alzheimer espiritual”, o “sentimento de imortalidade”, “a mundanidade”, “o exibicionismo” ou “a vaidade”.
Francisco começou por dizer que “seria bonito pensar que a Cúria Romana é um pequeno modelo de Igreja”, acrescentando que “um membro da Cúria que não se alimenta quotidianamente com o alimento (de Deus) converte-se num burocrata”.
Diante dos cardeais responsáveis pelos vários dicastérios que formam a Cúria, o papa foi enumerando uma a uma as 15 doenças, começando pelo sentimento de “Imortalidade ou indispensabilidade”.
“Uma Cúria que não faz autocrítica, não se atualiza e não tenta melhorar é um corpo doente”, disse convidando os presentes a visitarem os cemitérios para ver os nomes de tantas pessoas que “se achavam imortais, imunes e indispensáveis”.
Para Francisco, “isto deriva da patologia do poder, do complexo de se sentir um eleito e do narcisismo”.
Outras doenças citadas como males da Cúria são o “excesso de trabalho”, “o endurecimento mental e espiritual”, “a excessiva planificação”, a “esquizofrenia existencial”, “a acumulação de bens materiais” e a “enfermidade da má colaboração”, entre outras.
O papa Francisco também recordou que um dia leu que “os sacerdotes são como os aviões, só são notícia quando caem”.
Sublinhou que, no entanto, “há muitos que voam”, mas que “muitos criticam e poucos rezam por eles”.
O papa concluiu advertindo que “quanto mal pode causar um só sacerdote, que pode fazer cair todo o corpo da Igreja”.
Estes encontros mensais formativos do MCC, destinados exclusivamente aos cursistas e subordinados sempre a um tema de estudo previamente definido, constituem uma oportunidade formativa para todos. No mês passado foi debatido o Concilio Vaticano II, numa conferência proferida pelo Pe Abel Vieira, da Praia da Vitória. No próximo dia 13 de março terá lugar uma reflexão sobre a Fecundidade do Casal, para além dos filhos, que ficará cargo da psicóloga Raquel Oliveira, docente convidada do Seminário Episcopal de Angra.
Os Cursilhos de Cristandade nasceram nos anos quarenta em Palma de Maiorca, Espanha. A história do MCC está intimamente ligada à história de Eduardo Bonnín Aguiló, um homem profundamente marcado por uma “inquietação apostólica”.
O MCC está nos Açores há mais de meio século, hoje com particular vitalidade nas ilhas Terceira, São Miguel e Santa Maria, embora já se tenham realizado perto de quatro centenas de cursilhos, em praticamente todas as ilhas dos Açores, à excepção do Corvo.