Documento da próxima Assembleia do Sínodo conta com centenas de contributos

Reunião decorre em outubro e Portugal estará representado com dois bispos

Os membros do Conselho Ordinário da Secretaria-Geral do Sínodo debateram, entre domingo e segunda-feira, a primeira versão do documento de trabalho (Instrumentum Laboris) para a sessão conclusiva da XVI Assembleia Geral, marcada para outubro, após a recolha de centenas de contributos.

Em nota enviada hoje aos jornalistas, o Vaticano precisa que o encontro aconteceu após a reunião de teólogos (4-14 de junho de 2024), que visou articular os relatórios recebidos pela Secretaria-Geral, após a consulta às várias dioceses e comunidades católicas de todo o mundo.

Este primeiro texto também foi enviado a cerca de setenta pessoas – “sacerdotes, consagrados e consagradas, leigos, representantes de realidades eclesiais, teólogos, agentes pastorais e um número significativo de pastores” – de “várias sensibilidades eclesiais e de diferentes escolas teológicas”, refere a nota de imprensa.

“Queríamos realizar essa ampla consulta para permanecermos coerentes com o princípio da circularidade (o que vem das bases, volta para as bases) que animou todo o processo sinodal. Essa verificação do material elaborado à luz dos relatórios recebidos também pretende ser um exercício, por parte da Secretaria-Geral, da prestação de contas (accountability) que caracteriza a Igreja sinodal e que, tenho certeza, testemunhará a autenticidade do trabalho sinodal”, assinala o cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo.

Na manhã de segunda-feira, os membros do Conselho Ordinário foram recebidos em audiência pelo Papa.

O Vaticano assinala que, após estes trabalhos, se iniciou a redação de uma nova versão do documento de trabalho, que vai ser submetido a Francisco, para aprovação final.

O novo texto leva em consideração relatórios de 108 conferências episcopais, nove Igrejas Católicas orientais, o contributo da da USG-UISG (União Internacional dos Superiores Maiores e União Internacional das Superioras Gerais), além de “mais de 200 observações de realidades internacionais, faculdades universitárias, associações de fiéis ou comunidades e pessoas particulares, além dos relatórios apresentados pelos párocos”.

segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 2 a 27 de outubro de 2024.

A CEP está representada na assembleia sinodal por D. José Ornelas, presidente da CEP, e D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

Do Relatório português consta uma apelo ao discernimento claro e célere sobre os aspetos fraturantes em discussão na Igreja.

“É importante continuar a fazer um discernimento sobre algumas questões doutrinais/pastorais que ainda causam dúvida, controvérsia ou desacordo na vida da Igreja”, refere o documento, elaborado pela equipa sinodal da CEP a partir dos contributos das Dioceses portuguesas e de outros organismos eclesiais.

O texto dá como exemplo “a moral sexual, o celibato dos padres, o envolvimento de ex-padres casados, a possibilidade de ordenação de mulheres”.

“É reconhecida a importância de valorizar o papel das mulheres na vida eclesial e assegurar que possam participar nos processos de decisão, assumindo papéis de liderança, especificamente nos conselhos pastorais e económicos”, pode ler-se.

“A Igreja tem muito a ganhar com uma intervenção mais relevante das mulheres, de um modo particular, no anúncio e na meditação da Palavra de Deus, para uma verdadeira vivência sinodal e reconhecimento pleno dos seus dons e capacidades”.

A nova síntese assinala o pedido de “maior criatividade” relativamente a ministérios nas comunidades católicas, que possam chegar a “outras áreas da vida social, designadamente os domínios da saúde mental, dos doentes e familiares/cuidadores em processo de doença crónica, progressiva e incurável”.

O processo de luto, o apoio a pessoas com deficiência ou a jovens namorados e a casais, especialmente os que estão em crise, desempregados, refugiados e imigrantes, são outras das preocupações apresentadas.

“Em qualquer caso, a reflexão sobre os ministérios e a sua concretização têm de ir muito para além da questão da diminuição ou até falta de presbíteros”, destaca o documento da CEP.

A síntese aponta a novos ministérios, “especificamente voltados para a pastoral familiar”, bem como um serviço de escuta e acompanhamento às pessoas sós, aos idosos e às pessoas com deficiência.

“Propõe-se a criação de itinerários sérios para a iniciação à Fé e a receção dos Sacramentos, procurando que através dos momentos de preparação para o batismo e matrimónio se chame a atenção para o compromisso com a Igreja”.

O texto deixa alertas para o clericalismo e a “clericalização” dos leigos com responsabilidades, nas comunidades católicas, assinalando que “a participação laical não deve ser assumida como uma substituição do papel dos padres nas comunidades nem dos consagrados”.

Segundo o relatório, os contributos recolhidos pedem “atenção específica à solidão e isolamento a que estão sujeitos os padres” e uma “valorização do ministério do diácono permanente”.

O documento dedica vários pontos à formação dos sacerdotes e nos seminários, pedindo “uma pedagogia sinodal” e uma melhoria nas “formas de acompanhamento dos jovens presbíteros”.

Quanto à comunicação, sublinha-se que a mesma deve ser “simplificada, mais clara, transparente e articulada”.

Após a experiência da JMJ Lisboa 2023, a CEP entende ser “absolutamente fundamental uma atenção especial aos jovens, confiando-lhes missões concretas”.

“A comunidade jovem deve ser interpelada e ajudada a ser protagonista na vida comunitária, assumindo serviços e ministérios, organizando atividades pastorais e integrando-se nas equipas de animação pastoral”, acrescenta o texto.

A síntese destina-se à Secretaria-Geral do Sínodo (Santa Sé), responsável pela elaboração do documento de trabalho (Instrumentum Laboris) da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (2 a 27 de outubro de 2024).

A CEP está representada na assembleia sinodal por D. José Ornelas, presidente da CEP, e D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

(Com Ecclesia e Vatican News)

 

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