A Igreja Católica celebra nas últimas horas deste Sábado Santo e nas primeiras de Domingo de Páscoa o principal e mais antigo momento do ano litúrgico, a Vigília Pascal, assinalando a ressurreição de Jesus.
Esta é uma celebração mais longa do que habitual, em que são proclamadas mais passagens da Bíblia do que as três habitualmente lidas aos domingos, continuando com uma celebração batismal e a comunhão.
Nos primeiros séculos, as Igrejas do Oriente celebravam a Páscoa como os judeus, no dia 14 do mês de Nisan, ao passo que as do Ocidente a celebravam sempre ao domingo.
O Concílio de Niceia, no ano 325, apresentou prescrições sobre o prazo dentro do qual se pode celebrar a Páscoa, conforme os cálculos astronómicos (primeiro domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da primavera): de 22 de março a 25 de abril.
Em 1951, o Papa Pio XII mandou celebrar a Vigília Pascal de novo como nas origens, isto é, na noite do Sábado Santo para o Domingo da Páscoa; a reforma do Concílio Vaticano II (1962-1965) confirmou esta disposição.
Atualmente, é ordenado que a Vigília seja celebrada à noite, pelo menos depois que o sol se ponha, e antes do amanhecer de domingo.
A vigília começa com um ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus; o círio pascal é abençoado, antes de o presidente da celebração inscrever a primeira e a última letra do alfabeto grego (alfa e ómega), e inserir cinco grãos de incenso, em memória das cinco chagas da crucifixão de Cristo.
A inscrição das letras e do ano no círio são acompanhadas pela recitação da fórmula em latim ‘Christus heri et hodie, Principium et Finis, Alpha et Omega. Ipsius sunt tempora et sæcula. Ipsi gloria et imperium per universa æternitatis sæcula’ (Cristo ontem e hoje, princípio e fim, alfa e ómega. Dele são os tempos e os séculos. A Ele a glória e o poder por todos os séculos, eternamente).
O ‘aleluia’, suprimido no tempo da Quaresma, reaparece em vários momentos da Missa como sinal de alegria.
A celebração articula-se em quatro partes: a Liturgia da Luz ou “lucernário”; a Liturgia da Palavra; a Liturgia Batismal; e a Liturgia Eucarística.
A liturgia da Palavra “percorre a história da Salvação”, propondo sete leituras do Antigo Testamento, que recordam “as maravilhas de Deus na história da salvação” e duas do Novo Testamento: o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos (Marcos, Mateus e Lucas), e a leitura apostólica sobre o Batismo cristão.
A Liturgia Batismal é parte integrante da celebração, pelo que mesmo quando não há qualquer Batismo, se faz a bênção da fonte batismal e a renovação das promessas, sublinhando uma história de salvação “concretizada” na vida da comunidade católica. Do programa ritual consta, ainda, o canto da ladainha dos santos, a bênção da água, a aspersão de toda a assembleia com a água benta e a oração universal.
Para o liturgista, a entrada em vigor da nova edição do Missal Romano, em língua portuguesa, e a superação de várias das limitações impostas pela pandemia de Covid-19 são um convite a viver “de maneira nova” a Vigília Pascal.
O sacerdote do Patriarcado de Lisboa reconhece que muitos não participam na Vigília Pascal, por ser uma cerimónia longa, mas destaca que “perdem algo muito rico”, uma proposta de “intensidade especial”.
(Com Ecclesia)