Por Renato Moura
Vêm aí as imagens! Não nos referimos às imagens religiosas, pois essas continuam, na sua esmagadora maioria, fechadas nas igrejas!
Os últimos meses têm sido pródigos em imagens virtuais. Têm sido tomadas medidas e feitos anúncios que estão longe de ter a eficácia propalada, mas visam fazer crer! Muitos embarcam imediatamente; alguns vacilam e se titubeiam já é meia vitória para quem promoveu.
Com a entrada em Setembro e em ano de eleições nos Açores, os agentes políticos apresentarão uma proliferação de imagens sucessivamente maior. Não serão apenas das forças concorrentes, mas também do Governo.
Há e haverá imagens reais de projectos que não terão existência real. Serão produzidas representações mentais, pela escrita ou pela fala, para induzir percepções e impressões motivadoras. Haverá instituições políticas cuja prioridade será gerar produtos imaginativos, destinados a transmitir uma aparência, uma reputação, uma imagem de marca. Far-se-á os destinatários apreender o pretendido. Estarão nas ondas das televisões e das rádios, nos jornais, imagens indutoras de adesão a quem as promove; algumas serão de jantares onde além dos tradicionais apoiantes só estão os convidados para comer sem pagar e ou alguns transportados para encher o recinto: agora já é da direita até à extrema esquerda!
Ver-se-ão candidatos a visitar instituições onde não vão para conhecer nada de novo, mas tão somente gerar “boneco” para a televisão e oportunidade para debitar umas declarações previamente estudadas. Se for como é costume, haverá jornalistas a entrar no jogo e a aproveitar esse desembaraço fácil; em vez do trabalho de inquirir e aprofundar.
Não se deve ser pessimista a ponto de admitir a inexistência de programas eleitorais também com propostas sérias. A grande dificuldade será discernir. Primeiro os observadores, os comentadores e depois os eleitores terão de evitar os erros de apreciação, interpretação e inteligência: as falsas aparências. É forçoso precaver as crenças erróneas, impostas ao espírito pelo seu carácter sedutor. Impõe-se diferençar as realidades da fantasia, da ilusão, dos sonhos, das quimeras. Urge denunciar o logro, a fraude.
Com a má publicidade comercial já aprendemos quantas imagens e frases ilusórias nos são persistentemente impostas, para vender produtos e serviços de má qualidade.
Na vida é necessário perceber com clareza, ser capaz de distinguir para saber escolher. Também em política é imprescindível ter cuidado com as imagens: haver capacidade de raciocinar, saber discernir.