Monsenhor Dario Viganò explica como procura «construir relatos visíveis» da «lógica do encontro»
O diretor do Centro Televisivo do Vaticano (CTV) disse hoje em Fátima que a instituição tem o desafio de “construir relatos visíveis” segundo “a lógica do encontro, da proximidade” do Papa Francisco.
“O diálogo é feito por pessoas diferentes, que interagem”, sublinhou monsenhor Dario Viganò, durante a conferência conclusiva das Jornadas Nacionais de Comunicação Social dedicadas ao tema ‘Uma Rede de pessoas’.
O responsável, especializado na área do Cinema, recordou que “contar através de imagens”, é muito diferente do que contar por palavras, um trabalho que no caso do CTV tem o desafio suplementar de ter no centro o Papa, “alguém que não está interessado, de todo”, nas lógicas mediáticas.
“É a televisão que se tem de adaptar”, declarou.
O sacerdote, nascido no Brasil e membro do clero da Arquidiocese de Milão , sustentou que o seu trabalho no CTV passa por “ter em mente o ponto de vista do espetador em casa”.
Nesse sentido, deu o exemplo da cobertura do CTV durante o fim do Conclave de março de 2013, nos momentos imediatamente depois da eleição do Papa Francisco, que “escolhe sentar-se num banco ao fundo e não no trono, na cadeira” que lhe estava destinada na Capela Paulina.
O relato televisivo quis mostrar aos milhões de espetadores que esperavam pelo novo Papa que esta “não era uma aparição do nada, era um caminho” rumo ao Povo de Deus.
“O espetador tinha um ponto de vista inclusivo, não era apenas o Papa e a multidão”, explicou.
O diretor do CTV assume que é um desafio “captar com a linguagem televisiva um aspeto central no pontificado do Papa Francisco, a lógica do encontro”.
A apresentação contou com a projeção de pequenos vídeos sobre o Conclave, os momentos de oração do Papa e os seus encontros com crianças.
“Nalguns momentos de oração, o Papa está de tal modo concentrado que não permite que ninguém seja um elemento de distração”, relatou.
No início da sua intervenção, monsenhor Viganò falou sobre os trabalhos da comissão de reforma dos media do Vaticano.
“É sempre útil ter a ajuda de um olhar externo para perceber como se pode contar, narrar o magistério do Papa de forma mais eficaz e mais capaz de falar às pessoas de hoje”, assumiu.
A equipa de 11 pessoas, liderada pelo britânico Christopher Patten, começou esta semana a sua análise, junto da Rádio Vaticano, do CTV e do jornal ‘L’Osservatore Romano’.
Para o diretor do CTV, este trabalho é importante para “fazer surgir a consciência, no seio da Cúria Romana, de que a estrutura dos media do Vaticano é diferente, heterogénea”, com a consciência de que é possível “fazer algumas coisas em conjunto”.
Nesse sentido, precisou que o Centro Televisivo se centra na “distribuição” e não é propriamente uma televisão.
Do ponto de vista financeiro, o centro vive do contributo da Santa Sé, que apenas paga o pessoal, cerca de 1,4milhões de euros; as restantes despesas vêm sobretudo dos contratos de colaboração e de co produção estabelecidos com os diferentes parceiros do áudio visual.
As jornadas de Comunicação Social terminam esta sexta feira em Fátima.
Ecclesia