Porta Voz diz que esta classificação abre caminho a “outras possibilidades”
A Diocese de Angra está “satisfeita” com o desfecho do processo de classificação da imagem do Senhor Santo Cristo e dos seus cinco dons como Tesouro Regional, disse esta quarta feira ao fim do dia o porta voz, pe Hélder Fonseca Mendes.
Em declarações ao Sítio Igreja Açores, umas horas depois da Assembleia Legislativa dos Açores ter aprovado por unanimidade a proposta de classificação apresentada inicialmente pelo PSD e subscrita por toda a oposição, o sacerdote lembrou que a Diocese estava “confiante neste final” e por isso “só pode estar satisfeita por ter sido possível a convergência de vontades de todos os quadrantes” no sentido “do reconhecimento e valorização da importância deste culto”.
“A unanimidade na Casa mais importante da autonomia espelha bem a sintonia de posições na esfera política que só pode satisfazer-nos”, disse o Pe Hélder Fonseca Mendes.
O porta voz, que é também vigário geral da Diocese de Angra, salientou, por outro lado, o facto de paralelamente a este processo legislativo, ter decorrido um outro, de natureza administrativa, depois da Diocese ter solicitado ao Governo Regional a classificação do tesouro do Senhor santo Cristo.
“Julgo que foi um processo correto e em nada afetou o que estava em curso na Assembleia Legislativa dos Açores; bem pelo contrário”, precisou.
“A proposta da Diocese fundamentava-se num inventário que tinha sido concluído e a sua pretensão estava bem fundamentada do ponto de vista cientifico e isso veio a tornar-se útil para a própria Assembleia Regional que acabou por melhorar o seu texto com base no parecer da Comissão dos Bens Culturais da Igreja, o que para nós é muito importante, pois é também o reconhecimento de que estamos a fazer um trabalho e útil e profícuo”, destacou ainda o vigário geral.
“Este nosso contributo foi de facto importante e até à data não conhecemos nenhum outro melhor”, acrescenta ainda.
Para o Pe Hélder Fonseca Mendes este processo pode também ser “o inicio de outros” que venham a tornar-se importantes “pois nas diferentes ilhas há outros bens móveis que podem ser classificados e, da nossa parte, continuaremos a trabalhar para prosseguir esta classificação sempre que ela for suscitada”, rematou o sacerdote.
Até ao momento, só o Arcano Místico, na Ribeira Grande e a Coleção particular de Francisco Ernesto Martins estavam classificados como peças de interesse regional, pelo que “também este reconhecimento é útil até para a projeção dos Açores”.
O vigário geral não deixou, também, de sublinhar a importância da exposição “Splendor et Gloria” em Lisboa, e o facto do Prelado Diocesano ter autorizado , contra a vontade de alguns elementos da Igreja e leigos, a cedência temporária da Jóia ao Museu Nacional de Arte Antiga.
“A exposição- que constituiu um sucesso- acabou por se revelar decisiva para acelerar este processo e permitir que a peça fosse avaliada, estudada e apreciada”, frisou ainda o sacerdote.
A legislação açoriana prevê a classificação de “tesouro regional” de bens móveis, mesmo que sejam propriedade privada, como é este o caso (pertencem à Diocese de Angra), desde que tenham manifesto interesse regional.
Esta classificação equivale à de monumento regional no caso de imóveis ou de património natural.
Com a classificação como “tesouro regional”, a exportação e/ou expedição destes bens (termos usados na legislação) fica sujeita a uma resolução do Conselho do Governo dos Açores.