O primeiro Conselho Pastoral deste episcopado tem como tema instrumento de trabalho o Itinerário Pastoral Diocesano
Realiza-se entre 8 e 10 de junho a primeira reunião do Conselho Pastoral Diocesano do episcopado de D. Armando Esteves Domingues, composto por sacerdotes, religiosos e leigos dos serviços e movimentos de apostolado, mas também cerca de uma dezena de pessoas que não fazendo parte da estrutura hierárquica, foram convidadas pelo bispo, numa lógica de sinodalidade, isto é, de abertura e escuta de “todos, todos, todos”.
Nesta reunião, D. Armando Esteves Domingues quer auscultar os representantes da diocese sobre os desafios da sinodalidade, nomeadamente uma maior participação e corresponsabilidade dos leigos; o modo de funcionamento da diocese, nomeadamente no que respeita à articulação e interligação de serviços e movimentos e ainda o itinerário diocesano para celebrar o Jubileu da Esperança, em 2025.
As perguntas estão organizadas em três áreas: a formação, correspondente ao laboratório da sinodalidade; a organização pastoral, referente ao laboratório da fraternidade; finalmente, a preparação para o Jubileu da Esperança, incluída no laboratório da esperança.
Este é o órgão de consulta mais abrangente que o bispo tem, reunindo os diferentes carismas dentro da Igreja.
A Proposta de Itinerário Pastoral para a Diocese de Angra (Todos, Todos, Todos, Caminhar na Esperança), lançada a 26 de novembro de 2023, aponta para uma caminhada sinodal até ao ano de 2025, Jubileu da Esperança, tendo como prioridade escutar, dialogar e participar, para que seja lançado, a partir de 2025 e até 2034, um Plano Diocesano de grande alcance que nos levará aos 500 anos da nossa Diocese. A proposta de Itinerário até 2025 fundamenta-se em três “laboratórios”, que não são mais que áreas de ação concreta da pastoral diocesana: Laboratório da Sinodalidade, Laboratório da Fraternidade e Laboratório da Esperança. A Vigararia da Formação, encarregue de preparar o instrumento de trabalho para o Conselho Pastoral, formula várias questões, já enviadas para debate prévio nos conselhos pastorais de ouvidoria (17 no total) bem como a leigos e a serviços e movimentos.
Entre as questões estão a da formação de leigos, a organização interna da diocese ou a concretização de condições geradoras de comunhão e comunicação, trabalho em redes, assembleias de escuta, entre outros.
O documento, enviado às estruturas, insiste que há uma reconfiguração do espaço crente, com a Igreja do Terceiro Milénio a enfrentar o “desafio audacioso e inspirador de ser sinodal em missão, um compromisso programático fortemente encorajado pelo Papa Francisco”.
“A sinodalidade é uma dimensão constitutiva da Igreja que reflete o desígnio de Deus para um caminhar conjunto em comunhão e participação. Este conceito ressoa com a etimologia de “sínodo”, que evoca a imagem de um percurso compartilhado, um eco da vocação fundamental da Igreja que é seguir Jesus Cristo, “o Caminho, a Verdade e a Vida””.
Toma, ainda, como referência as conclusões do Congresso de leigos, de 1992, bem como a auscultação desenvolvida na Caminhada Sinodal, entre 2019 e 2021.
“O objetivo uma vez mais não é produzir documentos nem ditar caminhos: é partilhar, dar origem a sonhos, profecias e esperanças, e abrir novos horizontes para a vida cristã e eclesial, mesmo cientes do muito que já se fez e do muito que tendo sido diagnosticado e sugerido continua por cumprir” refere o documento.
“Passados trinta anos desde a realização do Congresso de Leigos, a população residente nos Açores é menor e está diferente. Há menos jovens e mais população idosa, mas a esperança média de vida na Região continua a ser menor do que a média no país. Há menos casamentos católicos e mais casais a viver em união de facto; menos mulheres domésticas e mais famílias de dupla carreira; menos filhos por mulher e mais casais sem filhos; menos famílias numerosas e mais crianças a nascer fora do casamento. O divórcio disparou nestes trinta anos, particularmente em casais com menos de dez anos de casamento e as segundas núpcias são hoje muito mais frequentes, com impacto na vida dos filhos, sobretudo quando são menores”.
Por outro lado, importa lembrar que, “dos jovens que procuram a Igreja para a celebração do Sacramento do matrimónio e participam no Centro de preparação para o matrimónio (CPM), cerca de 80% já se encontram a viver em união de facto há um ou mais anos e, quanto maior foi o tempo de vida em comum, maior é a possibilidade de já existirem filhos” refere ainda o documento salientando alguns indicadores objectivos.
“Em trinta anos, a taxa de risco de pobreza diminuiu, mas em 2023 os Açores continuavam a ser a região com o valor mais alto de pobreza do País; agravou-se o fosso entre pobres e ricos e o número de vítimas de violência por cada mil habitantes é o mais elevado de Portugal. No domínio da escolarização, os açorianos são hoje mais qualificados e há menos analfabetos. No entanto, a região regista o mais elevado abandono escolar precoce do país, o que significa que há muitos jovens entre os 18 e os 24 anos que não completaram a escolaridade”, pode ler-se.
“A sociedade mudou em termos demográficos e nas relações que caracterizam a vida das famílias e marcam a relação com o mundo do trabalho. Se a sociedade mudou, a igreja também mudou”, conclui.