Bispo diocesano responde ao Diário Insular à cerca do polémico espetáculo de dança do ventre na Igreja do Museu
O Bispo de Angra quer estabelecer “um conjunto de procedimentos, que garantam a observância das normas relativas à utilização dos centros de culto, para fins culturais”, previstas desde 1972, caso contrário retirará a autorização para a realização de atos religiosos nesses espaços.
Numa entrevista, publicada esta terça feira no Diário Insular, o jornal que despoletou a polémica em torno do espetáculo de dança oriental na igreja de Nossa Senhora da Guia, no passado dia 30 de agosto, sem consulta prévia à Ordem Terceira Secular, usufrutuária do espaço, D. António de Sousa Braga lembra que “há acordos entre a Ordem Franciscana Secular e o Museu, assinados pela autoridade competente. E há as orientações da Concordata do Estado Português com a Santa Sé, que é um Contrato Internacional, que também têm de ser observados nos Açores” e, pelos vistos, “estão a ser alvos de alguns mal entendidos”.
“A Igreja de Nossa Senhora da Guia não é propriamente um «anexo» do Museu de Angra. Há um acordo entre a Ordem Franciscana Secular e o Museu, aprovado pela Junta Geral em 1972”, que “não terá sido cumprido”, refere ainda o responsável máximo pela igreja açoriana.
O Bispo de Angra pronunciou-se publicamente, pela primeira vez, na homilia da missa deste domingo, na Sé de Angra do Heroísmo e apelidou a iniciativa de “ infeliz e de mau gosto da parte dos responsáveis do Museu de Angra”, sublinhando que nem sequer “é a primeira vez que uma coisa dessas acontece. Há algum mal-entendido, na utilização da igreja, que está aberta ao culto público”.
Na entrevista ao jornal terceirense, o prelado diocesano lembra que “Há normas que é preciso observar”, para a utilização para fins culturais de um espaço aberto ao culto religioso, mesmo que o edifício seja propriedade do Estado.
“Por exemplo, para realizar concertos nas igrejas, requer-se a autorização da Diocese, que a dá só com o parecer favorável da Comissão de Liturgia. Há algo aqui que não está a funcionar”, remata o Bispo de Angra.
Por fim, rejeita que esta posição possa decorrer de “uma sensibilidade religiosa” dizendo que é antes uma questão de “bom senso”.
A Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja está a elaborar um memorando para enviar ao Governo regional, tutela do Museu de Angra, a relembrar todos os procedimentos que devem ser observados para a realização de espetáculos ou eventos em locais que estão abertos ao culto.