Guia com orientações de pastoral contém capítulo com uma análise do fenómeno como “instrumento” de evangelização, assinado pelo Vigário Geral
O Guia com as orientações diocesanas de pastoral da Diocese de Angra, que acaba de ser lançado, faz um apelo para que a religiosidade popular reflita uma verdadeira vivência de fé, que vá para além de um momento determinado.
A Diocese estabelece como objetivo prioritário ao nível paroquial “o conhecimento, a orientação e a evangelização da religiosidade popular nas suas atitudes e manifestações”.
Num texto assinado pelo vigário geral da Diocese, Pe Hélder Fonseca Mendes, que reflete sobre o fenómeno da religiosidade popular – uma das marcas da cultura açoriana manifestada em várias festas desde as dos padroeiros às do Divino Espirito Santo- a Diocese reconhece que a religiosidade popular “é a primeira e fundamental forma de inculturação da fé, que se deve orientar pelas indicações da liturgia da igreja, mas que por sua vez fecunda a fé a partir do coração”.
O vigário geral da diocese sublinha que é necessária uma atenção especial a estas manifestações porque se trata de “uma forma legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da igreja e uma forma de ser missionários”, sobretudo “num ambiente de secularização em que vivem os povos”.
Hélder Fonseca Mendes lembra, deste modo, que a religiosidade popular necessita de “ser continuamente evangelizada a fim de que a fé que a inspira se torne um ato cada vez mais amadurecido e autêntico”.
“Quando afirmamos que é necessário evangelizar ou purificar a piedade popular não queremos dizer que esteja privada de riqueza evangélica” diz o sacerdote, “simplesmente desejamos que todos os membros do povo fiel reconhecendo o testemunho de Maria e dos santos, procurem imitá-los cada dia mais”.
E, alerta para a necessidade de “todos” compreenderem que “os exercícios de piedade do povo cristão, como outras formas de devoção não substituem as celebrações litúrgicas nem se confundem com elas”.
O Pe Hélder Fonseca Mendes destaca a importância da religiosidade popular como forma de evangelização, mas recorda que para isso, a igreja não se pode demitir do seu papel.
Para o vigário geral da Diocese de Angra é necessário que a igreja seja capaz de promover “um contato mais direto com a Bíblia e uma maior participação nos sacramentos e na celebração da Eucaristia” prolongando os gestos de religiosidade popular protagonizados em momentos precisos
Num texto que propõe uma reflexão sobre os vários fenómenos de religiosidade popular, como “interpretação da cultura popular” e, passando em revista as diversas interpretações doutrinais da igreja universal sobre este fenómeno, ao longo da história, o vigário geral da Diocese de Angra lembra o papel dos emigrantes na difusão destes fenómenos e a importância que eles podem ter na nova evangelização.
O Guia com as orientações diocesanas de pastoral foi lançado esta segunda feira e propõe um conjunto de ações que perspetivem uma igreja “em saída missionária”.
A Diocese de Angra quer formar os agentes pastorais, caracterizar a realidade açoriana a nível cultural, social e eclesial e desencadear um processo de análise e revisão das respostas das instâncias e serviços pastorais aos problemas concretos do povo açoriano, com o sentido de promover “uma verdadeira cultura de encontro”.