Igreja garante cumprimento das regras sanitárias, em articulação com autoridades de saúde
A diocese de Angra vai manter as missas com a presença de fiéis, nos moldes articulados com as autoridades de saúde, sempre que a situação o permita, apesar de no continente português a Conferência Episcopal Portuguesa ter determinado a suspensão do culto público.
“Embora lamentando fazê-lo, a Conferência Episcopal Portuguesa determina a suspensão da celebração `pública´ da Eucaristia a partir de 23 de janeiro de 2021, bem como a suspensão de catequeses e outras atividades pastorais que impliquem contacto, até novas orientações. As Dioceses das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira darão orientações próprias” refere um comunicado enviado ao Igreja Açores esta quinta-feira.
Em declarações ao Igreja Açores, o bispo de Angra lembra que a situação epidemiológica nos Açores é diferente da do continente e que mesmo internamente varia de ilha para ilha.
“Vamos manter o que está articulado com a autoridade de saúde regional, com quem estamos em contacto permanente” referiu D. João Lavrador assegurando que todas as celebrações estão suspensas nas ouvidorias onde a situação é mais grave.
“Este vai ser o procedimento que vamos continuar a adotar. Sempre que houver uma alteração da situação epidemiológica, que nos obrigue a tomar outra decisão, competirá a quem está no terreno agir de imediato, como sempre temos feito”, disse ainda.
As restantes celebrações que potenciam o ajuntamento de pessoas são desaconselhadas pelo bispo de Angra que lembra as regras, por exemplo, das exéquias fúnebres, situação em que está limitado o número de pessoas que pode estar no velório e depois no funeral.
Num comunicado já emitido esta tarde, e enviado a todo o clero diocesano, o bispo de Angra determina que “respeitando rigorosamente todas as normas sanitárias emanadas da Autoridade de Saúde Regional, as celebrações litúrgicas continuam, no geral da diocese, de forma presencial” e que “os casos mais graves onde acontece uma situação de emergência sanitária ou naqueles que venha a acontecer no futuro, serão tratados, caso a caso, em diálogo entre o Ouvidor e o Bispo diocesano”.
“Dado que as celebrações litúrgicas contam não só com a celebração no interior do templo mas também com o convívio social que se lhes segue, apelamos a que se respeitem as normas vigentes para o aglomerado de pessoas no exterior dos templos. Contudo reconhecemos que esta vigilância é tarefa das autoridades competentes na ordem pública” refere o comunicado sublinhando que, no que diz respeito à catequese de crianças e jovens, “sabendo que são os mesmos que frequentam as escolas, deve atender-se à situação concreta de cada escola para que se tomem as mesmas disposições na catequese. Tal como acontece nas escolas, o principio é de catequese presencial”.
“Dadas as situações de solidão e de pobreza decorrentes desta pandemia, apelamos ao espírito de partilha e solidariedade das comunidades e à eficaz e imediata concretização dos planos de emergência social e económica das autoridades públicas” refere.
O comunicado termina com o “reconhecimento a todos os profissionais que estão empenhados no combate a esta pandemia” e um apelo à esperança.
“Apesar dos tempos de sofrimento, com a colaboração de todos e com o rigoroso cumprimento das normas sanitárias por parte de todos, podemos abrir-nos à esperança”,conclui.
A Conferência Episcopal justificou esta quinta-feira o regresso aos constrangimentos do dia 14 de março de 2020, aquando do inicio da pandemia, invocando “um imperativo moral para todos os cidadãos, e particularmente para os cristãos”, que devem adoptar “o máximo de precauções sanitárias para evitar contágios, contribuindo para ultrapassar esta situação”.
Estas medidas “devem ser complementadas com as possíveis ofertas celebrativas, transmitidas em direto por via digital” e as exéquias cristãs (funerais, sacramento da Santa Unção, por exemplo) devem ser celebradas de acordo com as orientações da Conferência Episcopal de 8 de maio de 2020 e das autoridades competentes.
“Exprimimos especial consideração, estima e gratidão a quantos, na linha da frente dos hospitais e em todo o sistema de saúde, continuam a lutar com extrema dedicação para salvar as vidas em risco. Que Deus abençoe este inestimável testemunho de humanidade e generosidade e que eles possam contar com a solidariedade coerente e responsável de todos os cidadãos, a fim de que, com a colaboração de todos, possamos superar esta gravíssima crise e construir um mundo mais solidário, fraterno e responsável” refere o comunicado da Conferência Episcopal.
Os bispos pedem, ainda que “a nível individual, nas famílias e nas comunidades, se mantenha uma atitude de constante oração a Deus pelas vítimas mortais da pandemia, pedindo ao Senhor da Vida que os acolha nos seus braços misericordiosos, e manifestamos o nosso apoio fraterno aos seus familiares em luto”.