Auscultação “incluindo aos que estão fora” vai continuar. O objetivo é conseguir contributos e dinâmicas novas e mais alargadas, que respondam aos sinais do tempo
A Igreja diocesana dos Açores vai prosseguir no próximo ano a sua caminhada sinodal procurando auscultar várias sensibilidades com a “maior eficácia possível”.
“A Assembleia manifestou-se para que haja o alargamento do tempo necessário para a auscultação da dinâmica na caminhada sinodal, incluindo aos que estão de fora com a maior eficácia possível” lê-se no comunicado final da Assembleia diocesana, que reuniu os membros dos Conselhos Presbiteral e Pastoral Diocesano, entre 2 e 5 de outubro em Ponta Delgada.
Para dar continuidade a esta caminhada sinodal foram indicadas cinco prioridades de reflexão: “Igreja Evangelizadora; Igreja em permanente Diálogo com o mundo; Igreja Comunitária e participativa em todos os seus membros; Igreja Integradora, com os pobres, que escuta o grito dos que sofrem e Igreja Missionária”, lê-se ainda no comunicado.
Durante a Assembleia estiveram em reflexão três temas – A Igreja e os rumos da cultura hoje, a situação social e económica dos Açores e a identidade religiosa e eclesial no arquipélago- que “mereceram um aprofundamento e debate na Assembleia”.
Os conselheiros consideram importante que diante de uma cultura “onde predomina o absoluto da ciência e onde Deus está ausente” a Igreja seja capaz de propor “um regresso à fidelidade ao Evangelho para que a criatividade das novas gerações possa dispor do fermento para operar a transformação de um mundo já antigo”.
Por outro lado, defendeu-se que “a Igreja deve cooperar na sinalização, identificação e até denúncia” das situações de carência e exclusão, promovendo uma “pastoral de proximidade”, incrementando o voluntariado e apostando no “Terceiro sector”.
“A Pastoral Social deve ser menos assistencialista e mais capacitadora dos que beneficiam do apoio, pode ler-se ainda no comunicado final.
Do debate resulta ainda uma maior exigência na dinamização das comunidades paroquiais que devem merecer mais envolvimento e um novo cariz missionário.
Desta discussão surgiu então um documento síntese, que de alguma forma já tinha sido avançado no inicio dos trabalhos pela Comissão Coordenadora da Caminhada Sinodal e que agora irá ser aprofundado num debate que se pretende o mais alargado possível. De resto este “tempo alargado” de debate já tinha sido pedido numa carta aberta apresentada pela Ouvidoria da Praia no inicio dos trabalhos desta Assembleia. Na altura o ouvidor, padre Emanuel Valadão Vaz, de forma crítica, pediu mais tempo e maior auscultação quer dos fieis quer de pessoas de fora da Igreja, sem precipitações, constrangimentos ou dirigismos, para que esta caminhada sinodal seja capaz de habilitar a Igreja a responder, de uma forma mais direta, aos problemas do mundo de hoje.
Esta Assembleia foi a primeira do género realizada na diocese de Angra depois do Congresso de Leigos, na década de 90 do século XX, colocando no mesmo plano de igualdade leigos e presbíteros, como assinalou D. João Lavrador na entrevista dada ao Programa de Rádio Igreja Açores.