Comemorações do centenário do jornal A Crença arrancaram esta sexta feira e prolongam-se até dezembro do próximo ano
A Diocese de Angra quer aproveitar o debate sobre o papel da comunicação social de inspiração cristã no arquipélago, que o jornal A Crença vai promover durante as comemorações do seu centenário e, “está disponível para colaborar na sua realização”, disse esta sexta feira à noite o Bispo de Angra.
“Congratulo-me pela celebração destes cem anos e por isso deixo o interesse da Diocese em participar e colaborar nestas comemorações” disse D. António de Sousa Braga na sessão solene a que presidiu, na igreja Matriz de Vila Franca do Campo e que marcou o arranque de um vasto programa comemorativo que se prolongará até dezembro do próximo ano.
A Crença foi fundada a 19 de dezembro de 1915 pelos Padres Ernesto Ferreira e João de Melo Bulhões, “que tiveram uma coragem impar, mostrando a sua paixão pela Escrita na Imprensa, na divulgação da Palavra do Evangelho, na promoção da Cultura e da Educação”, salientou o presidente da comissão organizadora destas comemorações, Pe José Borges.
“Belíssimo legado nos deixaram”, disse ainda o pároco da Matriz de Vila Franca do Campo definindo este centenário como “muito importante na história de Vila Franca do Campo, principalmente da Igreja como comunidade cristã e absolutamente comprometida com a vida social dos crentes no mundo”.
O Pe José Borges falou do “afeto e carinho que a instituição merece”, por dizer “quem somos e quem queremos ser”, o que exige uma aposta “na sua viabilidade”. Por isso, deixou um desafio, contextualizado na época de Natal que vivemos.
“Maria ficou perturbada às palavras do Arcanjo’, pois que se perturbem as mentes, os gestos, as escolhas e os corações das pessoas com as palavras da ‘Crença’. Com ele (o jornal) nela a (A Crença) se interroguem e desafiem o nosso mundo”, disse ainda o sacerdote.
“Aqui podemos ver o que fez a força da evangelização e a forma de criar condições de cultura e manter o nível de instrução em Vila Franca do Campo”, concluiu o Pe José Borges.
A Crença é um dos dois jornais, propriedade da igreja católica nos Açores (o outro é o Dever, das Lajes do Pico) e tem como diretor o Pe António Cassiano que, nesta sessão solene, se referiu ao vasto programa comemorativo que “não irá apenas contar a história do jornal , que merecerá o devido estudo e divulgação”, mas, também lançará “um olhar crítico ao modelo atual de A Crença e, ainda, a recolha de sugestões e propostas que permitam preparar-lhe o futuro próximo, de maneira a que, se possível, no fecho das comemorações, se inicie uma nova etapa do seu já longo percurso”.
Nesta ordem de ideias, o Pe António Cassiano fez referência ao projeto, já algumas vezes levantado nos últimos anos, de “A Crença se tornar o jornal católico da ilha” de São Miguel, uma ideia que, curiosamente, o primeiro número deste jornal, há 99 anos, já tinha equacionado.
“Estamos abertos a esse projeto. Pode dizer-se que A Crença quer ser o jornal católico da ilha. Falta saber se a ilha quer que A Crença seja o seu jornal”.
Numa análise breve do momento atual, o diretor do jornal considerou, porém, que “A Crença” de hoje “vai cumprindo satisfatoriamente a sua função de órgão de imprensa católica local, conjugando, quando o permite a escassez de recursos materiais e humanos, a inspiração cristã, que está na sua génese, e a identificação com o meio onde nasceu e viveu os seus quase 100 anos de vida”.
Do programa comemorativo constam além da realização de umas jornadas sobre a comunicação social de inspiração cristã e debates sobre o papel do jornalismo e deste jornal, em particular, uma conferência sobre a história do jornal pelo investigador Teixeira Dias, o lançamento de um concurso de ideias com a escola de Vila Franca e a conferência de encerramento com o Pe José Tolentino Mendonça, ex diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
A sessão solene terminou com o Concerto intitulado “Laudamus Te, Domine”, integrado no projeto “O Barroco em Viagem”, pelo Coro “Vox Cordis”, com Svetlana ao órgão, e direção musical de Odilardo Rodrigues.
Foram interpretadas músicas de Johann Sebastian Bach, António Vivaldi e sobretudo de George Frederick Handel, terminando a sessão, apoteoticamente, com o “Aleluia de Handel” Coro (42) da Oratória “Messiah”
Arsénio Puim/ CR