Um ano depois da saída de D. João Lavrador, a igreja açoriana volta a celebrar 488 anos de história com novo bispo nomeado pelo Papa
O Administrador Diocesano presidiu este domingo na Sé de Angra ao Dia da Igreja Diocesana, que completou no passado dia 3, 488 anos desde a sua fundação.
Após um ano sem bispo, a igreja insular conheceu na sexta-feira a nomeação de um novo prelado, D. Armando Esteves Domingues, até agora bispo auxiliar do Porto.
O cónego Hélder Fonseca Mendes convidou os participantes na celebração a refletir sobre a eternidade, cientes de que o caminho na terra é apenas uma etapa e não a meta da nossa peregrinação.
“Se este é o destino final, a nossa condição atual é de peregrinos, de povo de Deus a caminho. É neste sentido que somos a Igreja de Cristo, sacramento universal de salvação” afirmou o sacerdote que deixará de ser Administrador Diocesano quando o novo bispo entrar na diocese, o que deverá acontecer na segunda metade de janeiro.
“O Espírito Santo, o Evangelho, a Eucaristia, o Bispo e a comunhão com as outras Igrejas fazem-nos ser e sentir a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica. Igreja que une todos os açorianos há 488 anos” afirmou ainda, felicitando todos os diocesanos.
“Damos graças a Deus e felicitamo-nos mutuamente neste dia de festa em que a nossa Diocese completa 488 anos. Recordamos todos aqueles que fizeram com que estas ilhas pudessem vir a ser uma Igreja diocesana, do século XVI ao século XXI” afirmou saudando o novo bispo, “um presente do Papa em dia de aniversário”.
“Neste dia de aniversário o papa Francisco deu-nos um presente, pela nomeação do 40º. Bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingos, até agora Bispo Auxiliar do Porto”.
A partir da liturgia hoje proclamada, o cónego Hélder Fonseca Mendes desafiou os cristãos açorianos a focarem-se menos no imediato e a estarem mais atentos a olhar “o futuro mais distante, à eternidade”.
“Este mundo é o nosso caminho, mas não a nossa meta. Estamos no mundo, mas não somos dele. Tal como o seio materno não é o destino final para o ser humano que está a ser gerado, por estar destinado a abandonar essa etapa transitória da sua existência, também nós estamos, no atual estado de vida a ser gerados noutras etapas, destinados à plenitude da vida em Deus”, afirmou.
“A palavra de Deus convida-nos hoje a levantar os olhos ao céu e a recordamos qual é a meta, o destino do nosso caminho. A fé na vida a que Deus nos destina é a que deu luz e força a tantos milhões de pessoas, de santas e santos, ao longo da história, e que também nos ajuda na nossa fidelidade humana e cristã, abertos ao absoluto de Deus, nosso propósito e nosso destino” afirmou.
O sacerdote refletiu ainda sobre a importância da ressurreição e a vida nova que ela gera.
“Ressuscitar não significa voltar à vida de antes, prolongar esta ou reencarnar noutro ser, mas entrar numa nova realidade, na comunhão plena da visão e da glória de Deus. Deixaremos de ter funções de trabalho, papéis conjugais, de mães e de pais, de parentes e há-de permanecer os vínculos da comunhão, da fraternidade, do amor, que é sempre mais forte do que a morte”.
“A fé na ressurreição pertence ao núcleo, ao coração da fé cristã, com base ressurreição de Cristo. Fé em que Cristo ressuscitou dos mortos e fé em que os mortos renascerão em Cristo”, concluiu.