Diocese de Angra assinala 489º aniversário e um ano de aniversário da nomeação do 40º novo bispo

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Itinerário pastoral da diocese assente na escuta e na esperança, em sintonia com o sínodo e com o ano jubilar de 2025

A diocese de Angra completa esta sexta-feira 489 anos, celebrando-se o dia da Igreja Diocesana com uma celebração em Ponta Delgada a 3 de novembro, às 18h30 e outra em Angra, na Sé, no dia 5,à mesma hora, dia em que será também assinalada a data em todas as paróquias.

A Igreja diocesana vive este dia, assinalando também o primeiro aniversário da nomeação do seu 40º bispo, D. Armando Esteves Domingues, que apresentará o primeiro Itinerário Pastoral do seu episcopado no próximo dia 26 de novembro , o qual corresponderá a um itinerário para dois anos e está a ser preparado a partir daqueles que foram os contributos da Igreja diocesana no processo sinodal em curso.

Este Itinerário para 2023/24 “ será como um tempo zero”, marcado pela escuta e pela comunhão, “sempre pressa ou tentação de fazer tudo de repente”, afirma o próprio bispo numa carta dirigida a todo o clero e laicado diocesano.

“Não iremos ter pressa nem pretender fazer tudo de repente. Começaremos por escolher os diversos órgãos de participação sinodal na diocese que queremos venham verdadeiramente a funcionar sinodalmente: Ouvidores, Conselho Presbiteral e Conselho, Pastoral Diocesano”, afirma salientando a importância do reforço da participação e corresponsabilidade dos leigos.

“Onde não houver Conselho Pastoral Paroquial, seria tempo para o formar”, explicita ainda.

“Desejamos que o Plano que se traçar, parta das bases” sugerindo-se  que se “identifiquem necessidades e elejam uma ou outra prioridade, seja na formação laical e dos ministérios vários, na Liturgia, caridade, catequese ou outras”.

“Olhando para este ano pastoral, ocorre-nos a palavra esperança! Se sinodalidade joga com fraternidade, a esperança joga com ânimo e alegria de viver. Animemo-nos, então, reciprocamente, amemo-nos antes de tudo como Jesus manda, aproximemo-nos e caminhemos lado a lado com cada desanimado e sem esperança. É aí que Jesus nos espera, é aí que se alimenta e partilha a nossa esperança” sublinha o prelado.

Dos 237 mil habitantes nas nove ilhas do arquipélago, menos 4,1% do que em 2011, cerca de 80% dos açorianos ou residentes nos Açores dizem professar a religião católica, mas é notória a redução da participação no culto, nomeadamente ao domingo bem como o envolvimento na vida religiosa, com um progressivo envelhecimento nos movimentos, serviços e irmandades.

Ainda assim, com um total de 165 paróquias e 22 curatos, a Diocese dispõe de uma centena e meia de sacerdotes e seis diáconos permanentes, mobiliza centenas de leigos nos vários movimentos e serviços da Igreja, a começar pela catequese, que é a dimensão pastoral que envolve mais pessoas, apesar de se ter registado uma quebra depois da pandemia, o que também teve implicações económicas severas, com algumas paróquias a enfrentarem dificuldades financeiras.

De acordo com o padre Hélio Soares, um dos responsáveis pelo grupo de trabalho criado pela Diocese, que está a escrever a história religiosa dos Açores, há problemas que condicionam a actividade diocesana e que se prendem com a geografia.

“Cada ilha é uma mini diocese e por isso vive muito fechada sobre si própria. Os contactos com o exterior têm sido sempre muito condicionados e isso impede que, muitas vezes nos apercebamos de boas experiências que poderiam ser adoptadas nos Açores” ao nível das diferentes pastorais.

“Aprendemos pouco com as experiências já realizadas…Existem experiências muito interessantes a nível nacional; não precisaríamos de inventar muito;  bastaria transpormos para a realidade insular” acrescenta ainda o sacerdote, que é pároco nas Capelas e doutorando em História.

A Diocese, criada há 489 anos pelo Papa Paulo III, através da Bula Aequum Reputamus, possui, 59 centros sociais canonicamente eretos, 47 confrarias e 23 misericórdias. A expressão da dimensão da religiosidade popular manifesta-se no número de Irmandades do Divino Espírito Santo que as nove ilhas têm- 254.

A Diocese de Angra está organizada em 17 ouvidorias, sete delas correspondem à ilha toda- Faial, Pico, São Jorge, Flores, Corvo, Graciosa e Santa Maria- e só na maior ilha do arquipélago existem 8 ouvidorias- Ponta Delgada, Nordeste, Povoação, Ribeira Grande, Vila Franca do Campo, Fenais da Vera Cruz, Capelas e Lagoa, registando-se duas também na ilha Terceira- Angra e Praia da Vitória.

A sede da diocese é em Angra, tendo como catedral a Sé de Angra, dedicada a São Salvador do Mundo e padroeiro o Beato João Batista Machado.

Até à data da sua criação, os Açores integravam a Diocese do Funchal, que um ano antes tinha passado a Arquidiocese, e a de Angra passou a ser sufragânea desta até à sua extinção como Arquidiocese, passando depois a fazer parte da Província eclesiástica de Lisboa, situação que permanece até aos dias de hoje.

A organização religiosa do arquipélago, como as restantes terras do além-mar português então descoberto, começaram por estar sujeitas à jurisdição espiritual da Ordem de Cristo, exercida pelo vigário nullius de Tomar, que mandava visitar as ilhas por representantes, os chamados bispos de anel. Ao ser criado o bispado do Funchal (1514), o arquipélago açoriano passou a integrá-lo.

“A diocese de Angra como muitas outras esteve debaixo da tutela da coroa e, por isso, as decisões e as orientações religiosas estavam alinhadas com os objectivos da e de expansão do território ultramarino”.

A pedido de D. João III de Portugal, o papa Clemente VII, ainda, criou o bispado de São Miguel (1533), mas faleceu antes da bula respetiva ter sido expedida.

No ano seguinte, o recém-eleito papa Paulo III pela bula Aequum Reputamus erigiu o bispado de São Salvador do Mundo, dando-lhe por catedral a igreja do mesmo nome na cidade de Angra.

O período maior em que a Diocese de Angra se encontrou na situação de sede vacante foi de 34 anos e 7 meses, entre 1637, com a morte de Dom Frei António da Ressurreição a 8 de abril de 1637, e 1671, com a nomeação de Dom Frei Lourenço de Castro a 18 de maio de 1671.

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