Diocese consternada pela morte do seu bispo emérito sublinha sentimentos de gratidão pelo amor e dedicação aos Açores

Exéquias fúnebres de D. António de Sousa Braga ainda não estão decididas, mas o corpo deverá regressar aos Açores


Consternação e gratidão são porventura as duas palavras mais ouvidas na recolha de reações à morte de D. António de Sousa Braga, 38º Bispo de Angra e atual bispo emérito, que ocorreu esta tarde, em Lisboa, na sequência de uma paragem cardio-respiratória.

“Em meu nome pessoal e em nome da diocese quero expressar a consternação e a tristeza pelo falecimento do Senhor D. António” disse , instado pelo Sítio Igreja Açores o Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes, numa primeira reação emocionada quando comunicou a informação do falecimento do prelado com quem tinha uma relação pessoal próxima.

“Neste momento apenas podemos expressar a nossa gratidão pelo que este homem fez por esta igreja local… a sua dedicação e compromisso; o amor com que viveu nesta diocese” acrescentou ainda o sacerdote que foi Vigário-Geral escolhido por D. António de Sousa Braga.

Também o decano do Colégio de Consultores, monsenhor José Constância, lamentou a morte do bispo de quem foi colaborador próximo durante 20 anos, como vigário episcopal, ouvidor ou responsável por vários serviços diocesanos.
“Em primeiro lugar é um momento de muita tristeza. Foi um pai e um amigo para todos nós padres e para a nossa diocese” afirmou ao Igreja Açores, monsenhor José Constância que recordou que foi com o prelado mariense que se “iniciou a programação pastoral pré- sinodal, embora na altura não se falasse assim disso”.

Também D. João Lavrador, bispo de Viana do Castelo e sucessor de D. António de Sousa Braga à frente dos destinos da diocese insular reagiu à morte do seu antecessor.
“Apresento as condolências à família e à diocese deixando uma palavra de reconhecimento. A amizade e colaboração foram sempre evidentes na pessoa do Senhor D. António, que sempre foi muito acolhedor e compreensivo e ajudou-me bastante na forma como me integrei na diocese” disse D. João Lavrador.
“A simplicidade e a simpatia com que me acolheu e que eram marcas do seu episcopado facilitaram muito o meu ministério. Guardo dele muito boa recordação”, concluiu.

“O D. António, independentemente das opções que foi obrigado a fazer, sempre soube ver a diferença entre o trigo e o joio. Ele conhecia o seu presbitério como ninguém” disse, por seu lado, ao Igreja Açores o cónego Adriano Borges que foi ecónomo de D. António de Sousa Braga durante um largo período do seu episcopado. Era, de resto, um dos mais próximos do prelado.

“Foi o meu bispo, o que me ordenou e acompanhou o inicio do meu sacerdócio. Um homem de coração grande e próximo do Seminário, apoiando-nos nos momentos mais dificeis. Recordo sempre o seu grande sentido pastoral” disse ao Igreja Açores o reitor do Seminário, padre Hélder Miranda Alexandre.

“Era uma pessoa muito pouco importada com certos protagonismos, mas era um homem da caridade e ensinou-me muito como padre” disse ainda o sacerdote que foi nomeado reitor do Seminário justamente por D. António de Sousa Braga.

“Era um homem muito rico em todos os sentidos: com a sua simplicidade era muito eficaz e, num certo sentido,  foi um homem com uma certa aureola de santidade”, acrescentou.

Religioso da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) desde 1962, D. António de Sousa Braga foi ordenado padre pelo Papa Paulo VI, em Roma, em 1970, década em que iniciou um percurso nas casas de formação dos Dehonianos, onde foi superior provincial aos 35 anos, a partir de 1976 e por dois mandatos, e conselheiro geral, em 1991, até ser nomeado bispo de Angra, em 1996.

D. António de Sousa Braga nasceu a 15 de março de 1941, na freguesia de Santo Espírito, ilha de Santa Maria, nos Açores, o quinto de 10 irmãos; terminada a escola primária, frequentou o 1.º e 2.º ciclos liceais de então no Colégio Missionário Sagrado Coração, no Funchal, e o 3º no Instituto Missionário Sagrado Coração, em Coimbra, iniciando depois do tempo e noviciado, em Aveiro.

De 1962 a 1964, frequentou o curso de filosofia em Monza (Itália) e, após um estágio de vida religiosa em Portugal, frequentou, de 1966 a 1970, o curso de teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana.

A 17 de maio de 1970, dia de Pentecostes, no contexto das celebrações dos seus 50 anos de ordenação sacerdotal, o Papa São Paulo VI ordenou 278 presbíteros originários de todos os continentes: entre eles o diácono dehoniano da já então Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus, António de Sousa Braga.

A 9 de abril de 1996, o Papa São João Paulo II chamou-o ao episcopado, nomeando-o 38.º Bispo de Angra, nos Açores, onde foi ordenado bispo no dia 30 de junho de 1996, na Sé de Angra, por D. Aurélio Granada Escudeiro, a quem sucedia.

D. António de Sousa Braga foi bispo de Angra até 15 de março de 2016, quando, completados os 75 anos de idade, o Papa Francisco aceitou o seu pedido de resignação, sucedendo-lhe no cargo D. João Lavrador, em setembro de 2015.

Após a sua resignação, D. António de Sousa Braga quis voltar aos sacerdotes do Coração de Jesus, ao Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, onde foi formador e superior da comunidade.

Scroll to Top