Entre Junho e Setembro comunidades paroquiais exprimem a sua religiosidade popular honrando os padroeiros
As festas de verão na diocese de Angra vão repartir-se entre os Impérios do Espírito Santo e as festas dos padroeiros, mas é no dia 15 de agosto que a festa ganha uma expressão transversal com toda a diocese a celebrar Nossa Senhora.
“Não podemos esquecer o mês de agosto, particularmente o dia 15, em que não há ilha nenhuma que não esteja em festa, celebrando Nossa Senhora nas mais variadas invocações” refere o diretor do Serviço Diocesano de Liturgia, Pe. Marco Luciano.
“É de facto um dia único e muito especial dado que não há ilha nenhuma que não tenha uma grande festa em honra de Nossa Senhora”, acrescenta.
O verão açoriano é dominado pelo “império da festa” não existindo paróquia ou lugar que não tenha, no período entre junho e setembro, uma celebração, em que a religião e a cultura popular estejam de mãos dadas.
Uma das festas mais próxima é a de São pedro. O santo popular é invocado em várias paróquias de São Miguel (Ribeira Seca da Ribeira Grande; Ponta Delgada ou Vila Franca do Campo) mas também na Terceira (São pedro de Angra ou Biscoitos), no Faial(Flamengos) ou nas Flores, o santo “mais sisudo” dos três Santos Populares sai à rua com Cavalhadas, Marchas e fogueiras mas também com a Eucaristia no dia de São Pedro, a próxima quinta feira.
São festas que constituem “um desafio para a igreja que tem de aprender a vivê-las com criatividade” dizia esta semana o bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos a propósito do São João, na cidade invicta.
Até ao segundo domingo de setembro, as festas não vão dar tréguas em todas as ouvidorias. A começar por Ponta Delgada. Só na ouvidoria existirão cerca de 18 festas, celebrando-se entre outras Jesus Maria José, Nossa Senhora das Neves, São Nicolau, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Oliveira e Nossa Senhora da Ajuda.
Ainda em São Miguel as festas em honra de Nossa Senhora dos Anjos, em Água de Pau (15 de agosto) e as do Senhor Bom Jesus da Pedra, em Vila Franca do Campo (último fim de semana de agosto) são, porventura as mais concorridas.
No Pico, as festas de verão começam com o Espirito Santo e prosseguem com a celebração dos padroeiros. Primeiro Santa Maria Madalena, ainda durante o mês de julho, depois o Senhor Bom Jesus, em São Mateus, a 6 de agosto, uma devoção que já conta com cerca de 140 anos.
Reportam ao ano de 1862, quando o emigrante Francisco Ferreira Goulart trouxe do Brasil uma imagem do Senhor Bom Jesus, cópia fiel daquelas que se veneram. Esta devoção já cá existia, venerando-se imagens do Senhor Crucificado, como se pode ainda ver nos Inventários das Igrejas Paroquiais. Mas foi a partir da chegada da Imagem a São Mateus do Pico, que mais se intensificou a devoção ao Ecce Homo.
Ainda no Pico, a Festa dos Baleeiros nas Lajes, em homenagem à Senhora de Lourdes é outro dos pontos altos do verão na ilha montanha, na última semana do mês de agosto.
Em setembro, as atenções voltam a centrar-se na Terceira com a festa em honra de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta, já com longa tradição, embora só a 6 de Maio de 2006, por decisão do bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, a igreja paroquial tenha recebido o estatuto canónico de Santuário Diocesano.
Essa elevação oficializa o reconhecimento da fé e da devoção do culto a Nossa Senhora dos Milagres da Serreta que, a cada mês de Setembro, atrai àquele templo cerca de uma dezena de milhar de fiéis provenientes de toda a ilha, de outras ilhas do arquipélago, e das comunidades açorianas emigradas nos Estados Unidos da América e no Canadá.