Pelo Pe Hélder Miranda Alexadre*
Querido Menino Jesus
Pediram-me para te escrever uma carta.
Não sei se ainda consigo fazer com a mesma inocência da minha infância, mas vou tentar… Se não for na inocência, há-de ser pelo amor!
Sabes que uma coisa é escrever e outra é falar de peito aberto, com a alma nos lábios.
Nestes dias, houve dois santos que me interpelaram, daqueles que se leem na Liturgia das Horas. Santo Anselmo disse-me: “entra no íntimo da tua alma; remove tudo, excepto Deus e o que te possa ajudar a procurá-l`O. Encerra as portas da tua habitação e procura-O no silêncio… E agora, Senhor meu Deus, ensinai ao meu coração aonde e como hei-de buscar-Vos, aonde e como poderei encontrar-Vos”. Aí está o primeiro passo para Te encontrar… Quanto barulho cá dentro e lá fora! Festeja-se antes do dia, num vazio cheio de coisas.
Dias depois, o grande S. Francisco Xavier puxou-me as orelhas. Ao escrever a S. Inácio, lamenta-se pelos poucos evangelizadores em terras da Índia: “Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras, por não haver quem se ocupe de tão santas obras… Quantas almas deixam de ir à glória e vão para o inferno por negligência deles!” Quanto egoísmo e inércia minha, Menino Jesus! Quantas energias e tempo perdido em mim e na Tua Igreja!
Sabes que nestes dias estamos de festa.
Temos dois rapazes para te oferecer, para a missão. O Jacob diz que “o mundo está sedento de testemunhas autênticas do Evangelho” e o Nelson está convencido que é “necessário evangelizar com o exemplo”. Cheios de sonhos, de autenticidade, destes que se entregam totalmente a ti! Vale a pena ler as suas entrevistas. Em mim e em nós renasce o entusiasmo com esta juventude. Chegados aqui, podemos dizer “valeu a pena”. Mas há outros… a missão do nosso Seminário continua. Inspira-nos!
Não te quero pedir mais do que já te pedem. Tu não fazes se não fizermos a nossa parte. Como te posso pedir paz, justiça, amor, carinho e outras coisas tão nobres, se não fizer isso mesmo?
Apenas que nos e me transformes, para que o Advento seja verdade e o Natal uma não ilusão.
Aqui vai o meu sapatinho.
*reitor do Seminário Episcopal de Angra
(O título desta carta é da responsabilidade do IA)