Dia Mundial da Paz: “Por favor, não esqueçamos a Ucrânia, a Palestina e Israel, que estão em guerra”

O Papa Francisco afirmou no primeiro encontro do ano com romanos e peregrinos na Praça de São Pedro que é necessário ser “construtor da paz” todos os dias e lembrou os países em guerra.

“Por favor, não esqueçamos a Ucrânia, a Palestina e Israel, que estão em guerra. Rezemos para que prevaleça a paz, todos juntos”, afirmou Francisco após a oração do ângelus.

O Papa recordou “numerosas iniciativas de oração e compromisso pela paz”, nomeadamente a manifestão “Paz em todas as terras”, organizada pela Comunidade de Sant’ Egídio em várias cidades do mundo, e o “Movimento Europeu de Ação pela Não Violência”.

“Que a Virgem Maria, a Santa Mãe de Deus, ajude no compromisso de sermos construtores de paz em todos os dias do novo ano”, afirmou.

O Papa disse que acompanha “com preocupação” o que está a acontecer na Nicarágua, onde sacerdotes e bispos foram “privados da liberdade”, manifestou proximidade à Igreja no país e pediu orações para “que se procura o caminho do diálogo para superar as dificuldades”.

Na reflexão antes da oração do ângelus, o Papa referiu-se a Nossa Senhora como aquela que, “com seu silêncio e sua humildade”, é “a primeira ‘catedral’ de Deus, o lugar onde Ele e o homem podem se encontrar”.

“Ela é Mãe não apenas porque carregou Jesus em seu ventre e o deu à luz, mas porque o traz à luz, sem ocupar seu lugar. Ela permanecerá em silêncio também sob a cruz, na hora mais sombria, e continuará a abrir espaço para Ele e a gerá-Lo para nós”, afirmou.

O Papa disse ainda que, como Maria, também as mães são “são magníficas catedrais do silêncio” com o “seu cuidado escondido, com seu carinho”.

“O amor nunca sufoca, o amor abre espaço para o outro e o faz crescer”, sublinhou.

No primeiro dia do ano de 2024, o Papa convidou a olhar para Maria “com o coração agradecido” e a pensar em todas as mães “para aprender aquele amor que é cultivado sobretudo no silêncio, que sabe dar espaço ao outro, respeitando sua dignidade, deixando a liberdade de se expressar, rejeitando todas as formas de posse, opressão e violência”.

“Há tanta necessidade disso hoje! Tanta necessidade de silêncio para escutar”, indicou o Papa.

No Dia Mundial da Paz, o Papa apontou para o amor que “é feito de respeito e gentileza” e, assim, “rompe barreiras e ajuda a viver relações fraternas, a construir sociedades mais justas e humanas, mais pacíficas”.

“Gratidão e esperança”, as receitas do Papa para 2024, ano dedicado à oração

 

O Papa destacou a importância da “gratidão e esperança”, para entrar num novo ano, apontando à preparação do próximo Jubileu, durante 2024, com particular atenção à “oração”.

“Aprendamos com Maria a viver cada dia, cada momento, cada ocupação com o olhar interior voltado para Jesus. Alegrias e tristezas, satisfações e problemas. Tudo na presença e com a graça de Jesus, o Senhor. Tudo com gratidão e esperança”, disse, na homilia da última celebração a que presidiu, em 2023, na Basílica de São Pedro.

As I vésperas da solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, com o tradicional canto do hino “Te Deum” na conclusão do ano, levaram centenas de pessoas ao Vaticano, onde Francisco sublinhou a diferença entre esta celebração litúrgica e os festejos do fim do ano, por todo o mundo.

“A gratidão mundana, a esperança mundana são aparentes; falta-lhes a dimensão essencial que é a da relação com o Outro e com os outros, com Deus e com os irmãos. Estão focados no eu, nos seus interesses e assim têm o fôlego curto, não vão além da satisfação e do otimismo”, precisou.

O Papa apontou ao Ano Santo de 2025 e à sua preparação, ao longo dos próximos meses, realçando o lema escolhido para este Jubileu, “Peregrinos de Esperança”.

“Queridos irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: Roma está a preparar-se para tornar-se, no Ano Santo, numa ‘cidade de esperança’?”, questionou.

“Todos sabemos que a organização do Jubileu já está em curso há algum tempo. Mas compreendemos bem que, na perspetiva que aqui assumimos, não se trata principalmente disso; trata-se antes do testemunho da comunidade eclesial e civil; testemunho que, mais do que nos eventos, consiste no estilo de vida, na qualidade ética e espiritual da convivência”.

Numa celebração tradicionalmente dedicada à cidade de Roma, o Papa elogiou a imagem da Praça de São Pedro onde, diariamente, “circulam livre e serenamente pessoas de todas as nacionalidades, culturas e religiões”.

“É uma experiência que traz esperança, mas é importante que seja confirmado por um bom acolhimento durante a visita à Basílica, bem como nos serviços de informação”, apelou.

Francisco pediu, por outro lado, que o centro histórico de Roma seja acessível aos idosos ou pessoas com alguma deficiência motora.

“Uma cidade mais habitável para os seus cidadãos é também mais acolhedora para todos”, sustentou.

O Vaticano espera que milhões de pessoas participem, a partir de dezembro de 2024, nas celebrações do Ano Santo 2025, convocado pelo Papa Francisco.

O Jubileu coincide com os 1700 anos do Concílio de Niceia, que abordou a data da celebração da Páscoa, e terá uma dimensão ecuménica numa das rotas de peregrinação propostas, o ‘Iter Europaeum’, 28 Igrejas que se referem a 27 países europeus e à União Europeia, com alguns templos de outras comunidades cristãs.

O Ano Santo de 2025 será o 27.º Jubileu ordinário da história da Igreja.

Foi o Papa Bonifácio VIII quem, em 1300, instituiu o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixada de 25 em 25 anos.

No final da celebração do último dia do ano, o Papa Francisco deslocou-se à Praça de São Pedro, em cadeira de rodas, para rezar diante do presépio, saudando as pessoas que o esperavam no local.

O novo ano começa com a celebração do Dia Mundial da Paz e uma reflexão dedicada à inteligência artificial, em que Francisco alerta para os riscos da utilização da inteligência artificial em contexto militar, apelando à aplicação das tecnologias em áreas que promovam o desenvolvimento humano.

(Com Ecclesia)

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