Dia Mundial da Paz: Francisco apela a compromisso global para defesa da vida humana

Foto: Lusa/EPA

O Papa Francisco apelou hoje a um “compromisso” global para a defesa da vida humana, reforçando a proposta lançada na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz.

“Apelo a um firme compromisso de promover o respeito pela dignidade da vida humana, desde a conceção até à morte natural, para que cada pessoa possa amar a sua vida e olhar para o futuro com esperança”, disse, na homilia da Missa a que presidiu na Basílica de São Pedro.

“Jesus mostra-nos Deus através da sua frágil humanidade, que cuida dos mais frágeis”, acrescentou.

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.

“Todos somos chamados a acolher este convite que brota do coração materno de Maria: proteger a vida, cuidar das vidas feridas, restituir a dignidade à vida de cada ser nascido de uma mulher é a base fundamental para construir uma civilização de paz”, declarou Francisco.

A primeira Missa de 2025 assinalou a solenidade litúrgica de Santa Maria, Mãe de Deus, oito dias depois do Natal, tendo o Papa sublinhando a importância do cuidado e da compaixão com os mais frágeis, evocando a imagem do presépio.

“Se Jesus, que é o Filho de Deus, se fez pequeno para ser segurado nos braços de uma mãe, para ser cuidado e amamentado, então isso significa que ainda hoje Ele vem naqueles que precisam dos mesmos cuidados: em todos os irmãos e irmãs que encontramos e têm necessidade de atenção, escuta e ternura”, declarou.

“Confiemos, pois, a Maria, Mãe de Deus, este novo ano que começa, para que como Ela também nós aprendamos a encontrar a grandeza de Deus na pequenez da vida; para que aprendamos a cuidar de toda a criatura nascida de uma mulher, antes de mais protegendo o dom precioso da vida, como faz Maria: a vida no seio materno, a vida das crianças, a vida de quem sofre, a vida dos pobres, dos idosos, de quem se encontra só, dos moribundos”.

A homilia falou do “mistério do Natal”, no qual Deus se revela “na fragilidade da carne”.

“Há uma tentação que fascina muitas pessoas e pode enganar também muitos cristãos: imaginar ou fabricar para nós um Deus ‘abstrato’, ligado a uma vaga ideia religiosa, a uma fugaz agradável emoção”, advertiu o pontífice.

“Pelo contrário, Ele é concreto e humano, nasceu de uma mulher, tem um rosto e um nome, e chama-nos a manter uma relação com Ele”, acrescentou Francisco.

O Papa destacou que o relato do Evangelho de São Lucas mostra a “fragilidade de uma criança”, que os pastores encontram “indefeso, frágil, necessitado dos cuidados da mãe, de agasalhos e leite, de carícias e amor”.

“Em toda a vida de Jesus podemos confirmar esta opção de Deus, a escolha da pequenez e do escondimento. Ele nunca sucumbirá ao fascínio do poder divino para realizar grandes sinais e impor-se aos outros, como o demónio lhe tinha sugerido”, realçou.

“Jesus revelará o amor de Deus na beleza da sua humanidade, habitando entre nós, partilhando a vida comum feita de trabalhos e sonhos, compadecendo-se dos sofrimentos do corpo e do espírito, abrindo os olhos aos cegos e revigorando os desanimados”.

A homilia convidou os católicos a rezar a Maria, para lhe confiar o Ano Santo que a Igreja está a viver, e todas as suas preocupações, como a uma “mãe”.

“Confiemos-lhe o mundo inteiro, para que a esperança renasça e a paz germine finalmente em todos os povos da terra”, apelou.

O Papa quis celebrar o dogma da maternidade divina de Maria (Theótokos), definido no Concílio de Éfeso, em 431, convidando a assembleia a repetir, por três vezes: “Santa Mãe de Deus”.

Cumprindo a tradição, várias de crianças participaram na celebração vestidas de Reis Magos, em representação dos ‘sternsinger’ (cantores da estrela) que na Alemanha, Áustria e Suíça passam pelas casas para anunciar o nascimento do Senhor e recolher ofertas para as crianças necessitadas.

A Missa foi presidida, no altar, pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, devido aos problemas que afetam o Papa num joelho, nos últimos anos, e o obrigam a deslocar-se em cadeira de rodas.

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