Bispo de Angra diz que não deveria ser necessário decretar administrativamente um dia mas isso é um reflexo da sociedade atual
Enquanto não se olhar para o outro como “um irmão” e se der a todos as mesmas oportunidades o Dia Internacional da Solidariedade “faz todo o sentido” afirma o bispo de Angra.
Esta quinta feira assinala-se o Dia Internacional da Solidariedade para promover e fortalecer os ideais ligados a este valor, fundamentais para as relações entre os países, os povos e as pessoas.
Na Declaração do Milénio das Nações Unidas (setembro de 2000), a solidariedade foi reconhecida como um dos valores fundamentais para as relações internacionais no século XXI. Em 31 de Agosto de 2000, a ONU proclamou esta data com o objectivo de promover e fortalecer os ideais de solidariedade (sentido de ajuda) entre as nações, povos e indivíduos, nomeadamente em situações difíceis de origens diversas.
“A solidariedade não devia ser decretada; ela devia nascer do coração humano pois na sua relação com o outro a pessoa deve sentir o outro, mas na verdade a sociedade moderna criou situações de grande desigualdade e muito individualista” refere D. João Lavrador.
“Infelizmente hoje não se vê no outro alguém que seja igual mas alguém que é rival e por isso acho bem que haja este dia. É, aliás, um marco dentro do contexto social e cultural em que vivemos para nos alertar e desafiar a adotar um novo estilo de vida”, precisou o prelado.
“Solidariedade é a adesão espontânea à causa dos outros, numa ação generosa e bem intencionada. Ser solidário é ajudar sem esperar nada em troca, sem segundas intenções” sugere o bispo de Angra que desafia os açorianos a serem solidários.
“Nós devemos olhar-nos como seres humanos, como irmãos, partilhando de outra maneira não só os bens materiais mas também as capacidades e oportunidades”, acrescenta.
“A nossa sociedade açoriana tem de ser uma sociedade humanizada, onde não existam excluídos nem pobres”, refere ainda.
Recorde-se que a solidariedade é um dos temas que decorre das orientações diocesanas de pastoral para o próximo ano.
Aliás, a diocese de Angra vai criar uma plataforma de comunicação na web, IAP- Igreja Açores +Próxima, no âmbito das ações previstas para a Pastoral Social, que visa aproximar através das novas tecnologias as ações e as respostas sociais dos vários níveis da administração diocesana, articulando-as de forma a serem do conhecimento geral.
Esta plataforma tem ainda por missão lançar desafios e grupos de discussão e reflexão que discutam ideias e promovam debates internos entre os vários grupos de forma a optimizar a resposta da igreja. Paralelamente será criado um Conselho Consultivo, composto por técnicos da área social dos centros sociais e paroquiais bem como um grupo de pessoas ou um representante em cada ilha que faça a ligação com o todo. No fundo, o que se propõe é que se faça o que fez a pastoral familiar organizando territorialmente os serviços desta área de intervenção da igreja.