Festa na Ribeirinha termina com Eucaristia
O lugar de Santo Amaro, na paróquia terceirense da Ribeirinha, homenageou esta sexta feira o seu padroeiro- Santo Amaro- com a celebração de duas eucaristias e de uma homenagem prestada pelas duas filarmónicas à porta da Ermida- a Recreio dos Lavradores e a União Católica da Serra da Ribeirinha.
Embora este Santo seja memória litúrgica obrigatória em toda a diocese de Angra é aqui, no Pico e em São Jorge, que a festa tem uma das suas maiores expressões.
Trata-se de uma festa muito participada, na qual as pessoas têm como tradição oferecer bolos de “massa cevada” (pão doce) e “alfenins” (doce de açúcar e vinagre típico da ilha Terceira), com representação de figuras variadas.
Esta prática, em sinal de ação de graças repete-se ao longo dos anos, especialmente nos dias que antecede e dura a festa. Uma das formas adotadas para os doces é a de membros do corpo humano, que os crentes acreditam terem sido curados por intercessão de Santo Amaro desconhecendo-se, no entanto, a data do inicio desta festa neste lugar.
O Pároco, Pe António Henrique Pereira, em declarações ao Sítio Igreja Açores relembra que se trata de uma festa de “longa tradição” já que esta comunidade existe “desde o inicio do povoamento, estimando-se que esta festa, em particular, seja desse tempo”.
O dia do padroeiro foi precedido de uma novena preparatória e a festa, propriamente dita foi pregada e presidida pelo Pe José Manuel Machado, Irmão da Ordem de São João de Deus.
O sacerdote, nas palavras que dirigiu à assembleia, lembrou as virtudes do Santo italiano, apresentou os traços da sua personalidade nomeadamente no que respeita à capacidade de entrega e dádiva e referenciou-o como um exemplo de santidade que deve ser seguido por todos.
“Mais do que olhar para a imagem de Santo Amarado, devemos olhar para a sua vida e para o testemunho de vida que ele nos deixou” disse o sacerdote lembrando que “santo Amaro é um santo da intercessão”, pois são muitos os que “nos momentos de aflição a ele recorrem”.
Depois referiu-se à opção de vida religiosa sublinhando a importância de cada um de nós encontrar a sua vocação e missão nesta vida.
“Quantas vezes também nós na nossa vida temos que fazer opções, por este ou aquele caminho e encontramos dificuldades”, disse o religioso da Ordem de São João de Deus.
Mesmo “não sendo fácil”, disse, “devemos colocar as nossas vidas, as nossas dificuldades nas mãos de Deus para tomarmos um bom caminho. É isso que Santo Amaro nos ensina: a capacidade de nos entregarmos a Deus e consequentemente aos irmãos, sem olharmos aos riscos”, referiu.
“Santo Amaro é para nós um exemplo de vivermos uma vida com caridade uns para com os outros” sublinhou ainda, referindo-se à misericórdia.
A Ermida de Santo Amaro integra a paróquia da Ribeirinha, na ilha Terceira e estima-se que tenha sido construída em 1589.
No ano de 1902, foi reconstruída e ampliada, e tem como principais imagens as de São João, de Santo António e de Santo Amaro. É uma ermida onde acorrem inúmeros fiéis não só locais, mas de outras zonas da ilha Terceira.
(Com a colaboração de Nuno Pacheco de Sousa)