Por Renato Moura
É mais uma vez a festa do Natal. Estamos a celebrar o nascimento do Deus menino. Canta-se: alegrem-se os céus e a terra. Devemos todos celebrar a alegria do nascimento de Jesus.
Na verdade, apesar da festa, muitos há que estão tristes, sentindo motivos para viverem revoltados, sem encontrarem motivos para serem felizes. E talvez estejam perto e não sejamos capazes de os ver, muito menos de os compreender.
Realmente cada vida é o que é. As vidas são também aquilo em que se tornaram: por nossa conta, ou fruto das circunstâncias. Creio não haver nenhuma vida inteiramente boa ou má. Por vezes, comparar as nossas com desgraçadas vidas que vemos, ou de que ouvimos falar, nos ajude a considerar melhor as nossas. Os antigos diziam: não ofendas a Deus, queixando-te sem razão para o fazeres. Que pena: estão a perder-se os ditos populares tão cheios de significado.
Não cultivemos, por isso, os sentimentos de desgraça, muito menos os de desespero, sejam nossos ou dos outros. Ao invés procuremos ajudar quem precisa. Por vezes com dinheiro ou alimentos; mas sempre lembrando que nem só de pão vive o homem. Talvez melhor se ajudando a que outros necessitados contornem as suas dificuldades, que nem sempre são materiais.
Sempre há acontecimentos tristes que não podemos contrariar; o esforço tem de ser no sentido de eles não nos dominarem. Importa encontrar forma de encher de significado os nossos dias e os daqueles a quem seja possível chegar.
Lia outro dia e retive, que, ao passar tempo com Deus, o caminho se vai abrindo, passo a passo, à nossa frente. Deus estará connosco, a endireitar as sinuosas veredas que nos parecem à nossa frente, como estando bloqueadas e nos fazem temer o futuro.
Mas, na verdade, Deus está sempre connosco. Se estamos sozinhos, ou mesmo acompanhados.
Ao contrário do que por vezes parece, ninguém, nem tão pouco as estruturas humanas da Igreja podem estabelecer quais as categorias que podem receber a graça de Deus. Deus abençoa o vestido e o nú, o rico ou o pobre, dentro dos templos ou em qualquer lugar; e nem precisa de uma qualquer mão, gesto, ou regra, para conceder, sem impor condições, a sua graça.
Que a melhor prenda deste Natal seja a concessão da clarividência do Espírito Santo, dada a todos, sejam eles os senhores da paz ou os donos da guerra, os titulares do poder ou os que têm de os suportar, os responsáveis pelos dicastérios ou os leigos. A todos, todos, para que todos possam entender o Evangelho e não tenham a tentação de o ampliar ou reduzir.
Feliz Nata