Pelo padre Rui Silva
É uma oração, um lema, um pedido, uma súplica, um slogan, uma caridade, uma partilha, uma solidariedade que se reveste de fraternidade. Sem a união dos corações, o Espírito Santo, fica refém de um lugar ou de alguém. O Espírito Santo não é uma propriedade privada ou pertença a uma elite ou grupo privilegiado, mas presença de todos juntos e juntos com todos.
O Pentecostes é a festa de todos para todos. A festa que une os açorianos espalhados por este Mundo fora e também nestas ilhas, torrões de terra banhadas e beijadas pelas ondas do mar, que abraçam o basalto negro que tanto nos identifica e que dá a conhecer a marca da nossa identidade. A devoção ao Divino, é uma espécie de tatuagem que trazemos na alma, um sinal ou marca genuína de um povo que vive no calor da fé que ainda perdura.
Celebrar o Espírito Santo é ter a consciência da ajuda invisível que se faz visível na leitura da vida com as lentes de um amor vivo e eficaz, que esclarece as dúvidas, dissipa os medos, anima nas dificuldades, destranca-nos do comodismo e faz-nos sair ao encontro da partilha da vida no amor pleno, na presença e na pertença da “experiência da amizade que pode transformar a nossa relação com Deus”.
O Espírito Santo é “fogo que nos inflama de entusiasmo”, é um “fogo que arde sem se ver”, na ardência de uma nova esperança por uma alegria nova, num mundo faminto de fraternidade.
O Pentecostes é o impulsionador e o dinamizador da alegria da renovação interior, que tanto ansiamos e buscamos. É a alegria capaz de formar e de transformar a nossa maneira de ser, estar e agir.
É urgente apurar e (re)definir a devoção ao Espírito Santo para não esbarrarmos numa autossuficiência espiritual, numa misericórdia camuflada e numa fé disfarçada de tranquilizante de consciência. Que a devoção nasça e renasça do coração dócil de cada homem e mulher.
É premente cuidar da tradição e ter a atenção de passar o testemunho da devoção ao Divino, para que esta não caia na tentação de fazer do Espírito Santo um cartaz turístico ou uma peça de museu. Celebremos e festejemos a alegria que nos une na devoção ao Espírito Santo.