Bispo de Angra presidiu à Vigília Pascal, que celebra a Ressurreição de Jesus Cristo
A ressurreição de Jesus é a experiência “mais inaudita, notável e maravilhosa de toda a história” e compreender essa experiência é acreditar num mundo e numa humanidade nova, disse esta noite, na sua homilia, na Vigília Pascal, o bispo de Angra.
Embora sem assembleia e sem a possibilidade de celebrar alguns dos ritos desta cerimónia, composta por vários momentos- a liturgia da luz, a liturgia da palavra, a liturgia batismal e a liturgia eucarística- D. João Lavrador exortou os diocesanos, através dos meios de comunicação social, a não terem medo, a confiarem no amor salvífico da ressurreição e a serem capazes de o anunciar, mesmo diante da adversidade.
“Hoje, perante uma cultura do medo e que provoca o receio, senão mesmo o pânico, que paralisa, somos desafiados a fazer a experiência do Ressuscitado sem temor. Do mesmo modo, sempre que Deus se revela provoca o dinamismo do envio. Ninguém poderá calar para si o que viu e ouviu. Forçosamente terá de O anunciar e testemunhar” disse o prelado.
Para o bispo de Angra as comunidades são chamadas a viver a Ressurreição e aprender de Jesus a caminhar “no meio de dores e sofrimentos”, como o tempo que vivemos de “sofrimento, de perplexidade e de solidão”.
“A liturgia desta noite realça o sinal da luz e a proclamação da Ressurreição de Jesus Cristo que, destruindo as trevas do pecado, da ignorância e da morte, oferece a Sua luz a todos os homens em qualquer condição de raça, cor, religião ou cultura” disse ainda. Aliás, o bispo de Angra lembrou que viver a Ressurreição de Jesus Cristo é “a condição de todos os batizados”, que devem aprofundar sempre a sua experiência de vida Cristã.
“É verdadeiramente na edificação desta criação renovada que os cristãos e as comunidades cristãs, uma vez em comunhão com Jesus Cristo Vivo, se devem empenhar”, para a edificação de “uma nova criação, livre, partilhada, fraterna e solidária que devemos optar por um estilo de vida sóbrio e humilde, capaz de partilhar com os mais excluídos para, através de gestos concretos, oferecer a esperança a todos os que não vivem em pleno a sua dignidade humana”
“Esta é verdadeiramente o noite santíssima que nos oferece os fundamentos para uma autêntica caminhada cristã em conjunto, promovendo a comunhão com o Ressuscitado, na edificação de comunidades cristãs conscientes da sua fé, em partilha de dons e carismas entre os seus membros, numa participação activa entre todos os baptizados que integram a comunidade e com o ímpeto missionário de oferecer ao mundo de hoje a luz nova que vem do Ressuscitado”.
D.João Lavrador terminou a homilia desejando a todos os diocesanos, residentes no arquipélago ou na diáspora, uma feliz Páscoa.
A mais antiga celebração cristã, e a festa central do ano litúrgico, é composta por quatro liturgias: a da Luz, em sinal de alegria, com a bênção do lume novo e o Círio; a da Palavra, que compreende nove leituras, sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento, com o canto do Glória e do Aleluia; a Batismal e a Eucarística, embora este ano, por determinação da Santa Sé, os países onde estão suspensas as celebrações comunitárias por razões de ordem sanitária, tenha sofrido algumas limitações, como pro exemplo a aspersão da água batismal, a celebração de batismos ou o próprio lume novo onde se acende o círio pascal.
Esta é uma celebração mais longa do que o habitual, em que são proclamadas mais passagens da Bíblia do que as três habitualmente lidas aos domingos, continuando com uma celebração batismal e a comunhão.
A vigília começa habitualmente com um ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus; o círio pascal é abençoado, antes de o presidente da celebração inscrever a primeira e a última letra do alfabeto grego (alfa e ómega), e inserir cinco grãos de incenso, em memória das cinco chagas da crucifixão de Cristo. A inscrição das letras e do ano no círio são acompanhadas pela recitação da fórmula em latim ‘Christus heri et hodie, Principium et Finis, Alpha et Omega. Ipsius sunt tempora et sæcula. Ipsi gloria et imperium per universa æternitatis sæcula’ (Cristo ontem e hoje, princípio e fim, alfa e ómega. Dele são os tempos e os séculos. A Ele a glória e o poder por todos os séculos, eternamente). O ‘aleluia’, suprimido no tempo da Quaresma, reaparece em vários momentos da missa como sinal de alegria.
Por outro lado, a liturgia da Palavra propõe sete leituras do Antigo Testamento, que recordam “as maravilhas de Deus na história da salvação” e duas do Novo Testamento: o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos (Marcos, Mateus e Lucas), e a leitura apostólica sobre o Batismo cristão.
A liturgia batismal é parte integrante da celebração, pelo que mesmo quando não há qualquer Batismo, se faz a bênção da fonte batismal e a renovação das promessas, embora este ano isso tenha sido feito sem a aspersão da água.