Diocese de Angra tem três novos sacerdotes. Ordenação decorreu debaixo de alguns constrangimentos por causa da pandemia. Bispo desafiou-os a não terem medo de “tocar as chagas da humanidade”
A diocese de Angra viveu esta tarde uma dupla festa: a ordenação de três novos padres e a celebração das bodas de prata do seu bispo emérito, D. António de Sousa Braga, que no próximo dia 30 comemora os 25 anos da sua ordenação episcopal. Pelo segundo ano consecutivo a ordenação de novos sacerdotes na diocese de Angra decorreu com grandes constrangimentos e na homilia o bispo de Angra desafiou os três novos sacerdotes a serem “servidores da esperança”, numa sociedade marcada pela morte.
“Diante dos sinais de sofrimento e de morte na sociedade atual” disse D. João Lavrador , “a unção do Espírito consagrar-vos-á com o óleo da alegria, para serdes no meio do Povo de Deus verdadeiros servidores da esperança, alimentando a fé e despertando em todos a partilha de dons, numa caridade que revela o coração de Deus”.
“Há uma multidão de gente, muitas vezes sem o saber exprimir, que espera encontrar-se com Jesus de Nazaré e ser acolhida no reconfortante ambiente de uma comunidade que vivendo à maneira de Jesus Cristo partilha dos seus dons com os irmãos e é portadora de uma Boa Noticia que dá as razões profundas da esperança” esclareceu o prelado diante da assembleia, composta apenas por familiares e amigos chegados, que esta tarde se reuniu na Igreja de São José, em Ponta Delgada.
O bispo de Angra aproveitou, de resto, a ocasião para deixar claro o caderno de encargos para os novos sacerdotes: “no meio do Povo de Deus, comungando dos seus sofrimentos e das suas alegrias e com uma forte espiritualidade saber discernir os Sinais dos Tempos, e de igual modo edificar uma comunidade de discípulos cujos membros participam activamente na missão da Igreja, alimentada na Eucaristia que configura a comunidade ao Seu Mestre, eis o vosso principal trabalho pastoral”, afirmou.
“Só no meio do Povo de Deus podereis escutar a súplica de tanta gente que anseia pela palavra e pelos gestos salvadores dos quais sois portadores. Não tenhais medo de tocar as chagas da nossa humanidade e de vos colocardes ao lado dos mais frágeis e excluídos do mundo atual” lembrando que “a vida simples, austera, desprendida e pobre seja uma opção inequívoca” para que possam ser “profetas na sociedade atual”.
Dirigindo-se diretamente aos jovens, que completaram este ano o 6 º ano de formação no Seminário Episcopal de Angra, D. João Lavrador lembrou que a ordenação de novos sacerdotes representa um “rejuvenescimento do presbitério “para o tornar mais fraterno, amigo e dispensador de gestos concretos de unidade e comunhão”.
E, deixou um aviso: “Temos de limpar o criticismo estéril, as ideias deturpadas pelo ambiente mundano que criam rivalidades e hostilidade, muito pelo contrário, somos um presbitério a viver em comunhão e em serviço, desinstalado e numa renovação constante”.
“Hoje, o Senhor dá-nos a graça de saborearmos um dos maiores dons que Ele oferece à Sua Igreja diocesana de Angra através da ordenação de três novos sacerdotes que serão “o fermento do Evangelho vivido, testemunhado e anunciado”.
“Que nunca vos falte o ímpeto evangelizador refrescado e alimentado pela oração intensa, pela profunda vida sacramental, pela meditação e contemplação, pela actualização teológica e pastoral e pela entrega total ao serviço do Povo de Deus, privilegiando os mais excluídos”, concluiu.
Nesta concelebração participou também o bispo emérito de Angra D. António de Sousa Braga que cumpre 25 anos de ordenação episcopal a 30 de junho.
“Serve-nos de exemplo a vida sacerdotal, nomeadamente no exercício do Magistério Episcopal, do Senhor Dom António Braga, que está a celebrar as suas bodas de prata episcopais”, disse D. João Lavrador.
“Cumprimentamo-lo e, mais uma vez, lhe agradecemos o seu testemunho de pastor nesta Igreja diocesana a qual serviu e pela qual continua a orar, felicitamo-lo e oramos ao Senhor da Vida que lhe continue a dar saúde e que possamos usufruir da sua presença e sabedoria por muitos anos”, concluiu..
Os novos sacerdotes são naturais da ilha de São Miguel mas de ouvidorias distintas: António Santos, o mais novo, é natural das Furnas (Povoação); João Silva dos Mosteiros(Ponta Delgada) e Jorge Sousa, o mais velho, de Ponta Graça (Vila Franca do campo).
A celebração que teve transmissão em direto, a partir da Igreja de São José, nas redes sociais do Igreja Açores e do Seminário, foi a segunda no espaço de 9 meses. Entre setembro do ano passado e junho deste ano a diocese recebeu mais 9 padres, o que não deixa de ser sintomático numa diocese insular.