No quinto dia da visita pastoral a Santa Maria o bispo de Angra visitou a freguesia de São Pedro
Foto: Paróquias da ilha de Santa Maria
O bispo de Angra, que hoje esteve a visitar a freguesia de São Pedro, na ilha de Santa Maria, voltou a centrar a sua mensagem nos jovens pedindo-lhes para serem “buscadores de Deus” e “semeadores de esperança”.
Na homilia da missa onde crismou vários jovens da paróquia de São Pedro, a quarta freguesia a ser criada na ilha, por ocasião da visita pastoral do bispo de Angra D. Jerónimo Teixeira Cabral, o prelado diocesano afirmou que a Igreja olha para os jovens com esperança.
“Espero em vós, na vossa juventude, no vosso saber, na vossa disponibilidade porque olharmos o futuro é também olharmos para a esperança que vocês transportam”. Por isso, prosseguiu, “sejam buscadores de Deus mas procurando sempre descobrir o que Deus quer de vós”.
“Rezai e no silêncio da oração escutai o que Deus quer de vós; discerni a vossa vocação e procurem sempre a felicidade que Deus vos oferece”, disse o prelado pedindo-lhes que sejam sempre capazes de “derramar esperança e alegria”.
“Só há uma forma de sermos verdadeiramente felizes que é vivendo um estado de vida que Deus pensou para nós e que é a nossa vocação”, que tem sempre por base o serviço, disse ainda.
O prelado, que insistiu no convite à participação na Aldeia da Esperança, em São Jorge, de 21 a 25 de julho, lembrou a importância do caminho conjunto, em igreja e na vida.
“Não somos pessoas isoladas, ninguém nasceu para viver sozinho mas para viver numa família. Saibam que um dos problemas maiores e mais graves é o individualismo”, concluiu o bispo de Angra no final do quinto dia da visita pastoral a Santa Maria, que começou com uma apresentação de cumprimentos à Polícia Marítima, seguindo-se uma passagem pelo Rádio Clube Asas do Atlântico, um dos órgãos de comunicação social mais antigos dos Açores. Trata-se de uma associação cultural e recreativa, mais recentemente responsável pela organização, entre outros, do rallye de Santa Maria.
Na passagem pelo Clube Asas do Atlântico, o bispo de Angra deu uma entrevista ao programa Bom dia Açores e partilhou já um desafio que gostaria pudesse ser abraçado pela Igreja e pelos dirigentes políticos: a capacidade de mostrar a beleza que existe numa vida e numa sociedade onde as pessoas contam.
“As nossas ilhas , sobretudo as mais pequenas que são mais periféricas, estão a esvaziar-se e nós não estamos com capacidade para neste tempo ler a beleza do que é viver num lugar onde as pessoas contam, onde valem e não são descartáveis. Temos de ser capazes de mostrar que há um respiro humano que temos de valorizar e incutir nos jovens esse valor” disse D. Armando Esteves Domingues.
Por isso, “o grande desafio que temos é o da retenção de valores”.
“Esta é uma ilha com muitas oportunidades, mas a questão do ensino é decisiva. É preciso criar valor para que os jovens saiam para estudar e sintam que podem regressar e ter uma vida boa. É um desafio que temos de enfrentar como Igreja, em conjunto com os governantes” disse ainda o prelado que espera que os jovens, que ainda revelam ter uma “fé firme” possam estar nos órgãos de coordenação da Igreja, como o Conselho Pastoral de Ouvidoria, “com palavra e decisão”.
Por outro lado, insistiu na necessidade de valorizar também a sabedoria dos mais velhos porque a sociedade ganha “com o equilíbrio entre os dois lados: a esperança que a juventude representa e a certeza da experiência e da sabedoria dos mais velhos”.
“Esta visita tem-me permitido fazer uma experiência com vários grupos e consigo ver na comunidade sinais de esperança”, concluiu nesta passagem pelo Asas do Atlântico.
Durante a visita à freguesia de São Pedro, esteve ainda na Junta e na Casa do Povo e visitou a escola do primeiro ciclo. Aliás, esta freguesia foi uma das primeiras a ter instrução primária.
Devido à riqueza do seu solo, São Pedro teve na agricultura a sua principal fonte de rendimento. No lugar da Saúde foi inaugurado o Posto Agrícola de Santa Maria, o que fez com que a freguesia tivesse acesso a água canalizada. Hoje a população que não ultrapassa as 800 pessoas vive sobretudo dos serviços.
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