“D. António foi um homem da Igreja em Portugal e da Igreja Universal; era um homem do mundo” afirmou o Administrador Diocesano

O cónego Hélder Fonseca Mendes proferiu a homilia da missa exequial em Santa Maria, presidida pelo Núncio Apostólico. No final leu o seu `testamento” onde doa o anel de bispo ao Museu de Santa Maria e Santo Espírito

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O Administrador Diocesano afirmou esta tarde, nas exéquias fúnebres em Santa Maria, que o bispo emérito de Angra foi “um homem da Igreja em Portugal e da Igreja universal e um homem do mundo”.

Numa cerimónia emotiva, na qual participaram representantes dos principais órgãos de governo próprio da Região, bem como autoridades autárquicas, familiares e muitos amigos, e ainda presbíteros diocesanos e da congregação dos sacerdotes do Coração de Jesus, o cónego Hélder Fonseca Mendes anunciou que o anel de bispo seria entregue por decisão do Senhor D. António de Sousa Braga à irmã mais nova, Maria Goreti Braga, de forma a que o entregasse ao Museu de Santa Maria e Santo Espírito.

A leitura deste testamento, em forma de carta enviada ao então Vigário Geral da diocese, aquando da sua resignação e saída para Alfragide, foi porventura a grande novidade desta celebração durante a qual, no essencial, se sublinharam as qualidades pessoais e pastorais do bispo emérito de Angra.

“Era um homem de Santo Espírito e de Santa Maria mas que foi mais além desta terra como padre, missionário, professor e formador e como bispo” destacou o cónego Hélder Fonseca Mendes.

“Se D. António estivesse agora aqui a pregar diria apenas o essencial: o anúncio do Evangelho e D. António viveu na sua plenitude dando a sua vida por amor a Deus, seguindo-O e renunciando a si próprio” destacou ainda.

“Mais do que chorar a morte do D. António, sabemos que o grão de trigo se não for lançado à terra não produz fruto mas se for produzirá muito fruto. A sua vida foi uma vida sábia e de uma sementeira constante, quer na sua casa aqui em Santa Maria, quer no seminário da Madeira, em tantas cidades, em Roma e como bispo dos Açores”, disse.

O sacerdote lembrou, de resto uma pergunta recorrente que o bispo emérito fazia sobre como anunciar o Evangelho que não muda a um mundo sempre em mudança? “Só mudando, isto é convertendo-nos”, disse ainda o sacerdote que foi seu vigário-geral durante mais de uma década, ao destacar as qualidades humanas, pessoais e pastorais do prelado.

“A sua vida foi pautada por um intenso e imenso anuncio evangelizador e silencioso testemunho de vida”, concluiu recuperando a oração que D. António Braga repetia e que foi destacada na pagela distribuída nas exéquias fúnebres em Alfragide.

 

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“Eu sou uma graça de Deus,

dou graças ao Senhor pelo dom da Vida,

por tudo o que me deu.

Jesus, meu Senhor, o meu único Senhor,  que não tem concorrentes.

A Eucaristia é o centro do meu dia,

o caminho de Cristo é o meu caminho,

sem Ele nada posso fazer,

sou um servidor de todos por ser servo de Deus, de acordo com o mais precioso dos tesouros que é o coração de Jesus”.

Na homilia, o Administrador Diocesano lembrou a situação de `sede vacante´ em que se encontra a diocese.

“Vivemos agora uma sede “duplamente” vacante pois não só não temos bispo titular como também perdemos o nosso bispo emérito”, enfatizou agradecendo à família, à congregação, aos presbíteros, à diocese e a todo o povo de Deus, “que D. António tanto amou” e  que as autoridades “aqui representam”.

“Esta celebração poderia ter sido em Angra mas dificuldades logísticas de transportes, seja civis sejam militares em garantir uma data de chegada, levaram-nos a tomar esta decisão de vir diretamente para aqui em vez de ser na Catedral como deveria ser”, concluiu.

À chegada da urna à Igreja, o padre João Bairos, confrade e “companheiro de viagem” de D.António de Sousa Braga, desde maio de 1954, data em que ambos partiram para o Funchal, ingressando no colégio missionário dos dehonianos, fez uma oração, cabendo-lhe também fazer o elogio fúnebre.

“Era um homem modesto e de grande simplicidade;  a sua proximidade mesmo já depois de bispo sempre me impressionou”, referiu.

“Ensinou-me tantas coisas, sobretudo a acreditar nas pessoas, dando-lhes oportunidade para serem elas próprias e crescerem”, reconheceu.

Durante a celebração ainda usou da palavra o padre Carlos Espírito Santo que, em nome da Unidade pastoral de Santa Maria, recordou o “coração grande e generoso” de D. António de Sousa Braga, o bispo que o ordenou.

O corpo de D. António de Sousa Braga foi sepultado no cemitério da freguesia de Santo Espírito. O percurso entre a Igreja e o cemitério foi acompanhado ao som da  Banda Recreio Espirituense, que estava no exterior da igreja para homenagear D António.

 

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No domingo, dia 27, pelas 18h00, decorrerá na Sé de Angra a missa de sétimo dia, que será presidida pelo Administrador Diocesano e concelebrada pelo Cabido Catedralício.

(Com a colaboração de Ana Loura)

 

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