D. Aurélio Granada Escudeiro faleceu no dia 25 de agosto de 2012
O 37º bispo de Angra, que governou a diocese entre 1974 e 1996, faleceu no dia 25 de agosto de 2012, há dez anos, no mesmo dia em que a diocese se despede do seu bispo emérito, D. António de Sousa Braga.
Com estilos diametralmente opostos, marcaram cada um o seu tempo na diocese insular e ambos tiveram episcopados longos: D. Aurélio Granada Escudeiro foi bispo em Angra durante 22 anos embora só tenha sido bispo diocesano entre 79 e 96; e D. António de Sousa Braga, 20 anos. Ambos foram nomeados pelo Papa João Paulo II.
D. Aurélio foi nomeado pelo Papa Paulo VI bispo coadjutor da diocese de Angra em março de 1974, sem direito a sucessão pouco antes de se dar a revolução de abril mas só chegou ao arquipélago a 19 de junho e foi nomeado bispo residencial por João Paulo II apenas em 1979, depois da morte de D. Manuel Afonso Carvalho.
Há 12 anos, o 37º bispo de Angra, natural de Alcains, na diocese de Castelo Branco, hoje diocese de Portalegre-Castelo-Branco, faleceu em Ponta Delgada tendo o seu funeral seguido para a ilha Terceira, para um jazigo do cemitério de Angra onde fez questão de ser enterrado.
Fez os seus estudos nos Seminários de Gavião, Alcains e Olivais, tendo sido, ainda antes da ordenação, professor no Seminário de Gavião. Presbítero (Portalegre, 17 Janeiro de 1943), celebrou a sua primeira missa em Alcains, sua terra natal, alguns dias depois, a 24. Num período de 20 anos a sua acção foi multifacetada, quer como pároco em Gavião (1943-44) e Ortiga, Mação (1944-48), quer como professor de Religião no Liceu de Castelo Branco (1948-52) e em dois outros colégios, quer ainda, e, principalmente, como grande dinamizador da obra da Acção Católica (AC). Neste campo vastíssimo, foi assistente da A.C. dos Adultos Masculinos e da juventude Católica Feminina; por deliberação do Episcopado desempenhou-se como assistente geral da LAC e da JAC(F), atividades estas que o ocuparam durante quinze anos, vindo também a ser nomeado assistente da JCF, missão esta que o obrigou a constantes jornadas no Continente e nos Açores, sob cuja orientação decorreram cursos, encontros e retiros destinados ao clero, ao laicado e a Ordens religiosas. A sua inserção nestas atividades fizeram com que se deslocasse até África (Angola e Moçambique) e à Índia (Goa), usufruindo bons resultados em sucessivos encontros e reuniões internacionais. Chegou a dedicar-se à imprensa e foi redator principal do semanário Reconquista, além de colaborar ativamente em jornais e boletins da Ação Católica.
Foi representante da Igreja junto do Ministério da Saúde. Foi assistente Nacional da Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina (1964-74) e diretor nacional das Obras Católicas Portuguesas para as Migrações. Neste último ano (1974) foi nomeado secretário da Comissão Episcopal de Migrações, desenvolvendo nesse cargo grande atividade com participação frequente em congressos e reuniões a nível internacional, apresentando teses, contactando missionários e auscultando emigrantes, em quase todos os países da Europa, Estados Unidos e Canadá.
Na diocese de Angra começou por criar os estatutos do Conselho Presbiteral, um dos órgãos de consulta do prelado diocesano, ainda hoje, que reúne a hierarquia do clero diocesano, mas também a criação do Secretariado Regional para a Pastoral das Migrações (criado a 5 de Fevereiro de 1975) e, mais tarde, a Comissão Diocesana para a Comunicação Social (22 de Abril de 1976).
D.Aurélio Granada Escudeiro viveu o período conturbado do pós 25 de abril, com o processo de descolonização ultramarina africana a acontecer e o consequente e inevitável retorno de milhares de desalojados. Este facto fá-lo criar a Comissão Diocesana de Ajuda aos Refugiados, que teve importante papel sob o triplo ponto de vista material, espiritual e social nas ilhas. Transmitindo os poderes prescritos na Carta Apostólica de Paulo VI, Ecclesiae Santae Regimen, D. Aurélio Granada Escudeiro nomeia alguns sacerdotes vigários episcopais, e, seguidamente, ocupa outros na responsabilidade das ouvidorias, dedicando-se, a partir daí, a um trabalho intenso e infatigável de pastoral nas nove ilhas açorianas.
É neste período que efetua diversas deslocações e visitas ao Episcopado Português, contactando, pessoalmente, no Canadá a comunidade açoriana radicada naquele país e presidindo em Winnipeg, a convite do Cardeal-Arcebispo, à celebração da festividade em honra da Senhora de Fátima. Essa viagem proporcionou-lhe reuniões e debates, com o clero residente, no tocante a problemas intrinsecamente relacionados com a assistência religiosa ao emigrante açoriano. Os seus conhecimentos e, sobretudo, a sua experiência adquirida no campo da pastoral das migrações levaram a Conferência Episcopal a elegê-lo vogal da Comissão Episcopal Portuguesa para as Migrações e Turismo. Na sequência do seu múnus prelatício sagrou na Ilha Terceira a paroquial de S. Jorge das Doze Ribeiras e criou a paróquia da Algarvia em S. Miguel. Procedeu à bênção do lançamento da primeira pedra do Mosteiro das Clarissas, Calhetas, na Ilha de S. Miguel .
Foi o promotor do Congresso de Leigos em 1992 e do Plano de Ação Pastoral que precedeu o programa pastoral anual da diocese que D. António de Sousa Braga haveria de começar a publicar.
O Congresso Diocesano de Leigos realizou-se em Angra, em 1992, numa grande assembleia que encheu a Igreja do Colégio, sede da sua realização, com trezentas pessoas quase todos Leigos, vindos de todas as paróquias dos Açores. Nesta assembleia de três dias, em que houve trabalhos de fundo sobre a Família, Paróquia e a Presença dos Leigos no mundo, aconteceram momentos de diálogo, debate e de experiência de comunhão forte.
No ano de 1993, a reunião do Conselho Presbiteral foi original, pois teve a presença de vários leigos.
Austero e pouco flexível, como alguns recordam, D. Aurélio Granada Escudeiro marcou durante 22 anos a diocese insular.