Administrador diocesano esteve reunido com a equipa sacerdotal
As celebrações do culto em São Jorge, vão ser retomadas este fim de semana, a partir já desta sexta-feira, dia 1 de abril, em todo o concelho das Velas, informa uma nota enviada ao Igreja Açores pelo Administrador Diocesano, que esteve reunido com todo o clero da ilha esta semana.
“O risco de aglomeração de pessoas não é elevado uma vez que 50% da população do concelho está fora dele, no concelho da Calheta e ou fora da ilha” refere a nota enviada, que aconselha as pessoas a “manter o distanciamento para que em caso de sismo, se possam proteger”.
A nota recorda os lugares de maio perigo- torres e frontispícios- e informa os procedimentos a tomar em face da ocorrência de algum episódio sísmico, alertando que os fieis devem “baixar-se entre os bancos” e os “ministros junto do altar”.
Por outro lado, “devem estar a funcionar as portas laterais e das traseiras das igrejas, como saídas de emergência mais seguras”.
Os “sinos das torres estão desativados em todas as igrejas do concelho de Velas, e só repicarão em caso de alerta de eminência de vulcão, juntamente com as sirenes dos bombeiros e das rádios” refere ainda a nota.
Estão, ainda, “definidos pontos de encontro das pessoas que não tenham transporte próprio para a saída em caso de evacuação, tal como estão identificados os pontos mais próximos e seguros para onde se devem dirigir”.
Recorde-se que no fim-de-semana passado as celebrações estiveram interditatas nas fajãs e foram desaconselhadas em todas as igrejas do concelho das Velas por precaução.
A nota enviada adianta, também, que catequese e demais encontros “podem manter-se, sem obrigação nem marcação de ausências. No regresso das férias da Páscoa, serão dadas novas indicações a todos os participantes”.
Depois de uma reunião com todos os sacerdotes da ilha a conclusão é a de que sentimentos como o “medo, o negacionismo, a indiferença” devem ser evitados e a população deve estar “a vigilância e proativa”, mantendo-se atenta aos sinais e, sobretudo, a informação avançada pelas autoridades da Protecção Civil.
Os sacerdotes decidiram igualmente reiterar a importância da presença do “pastor no meio do seu povo”, devendo “permanecer com ele” nesta situação garantindo a proximidade e o conforto espiritual.
“ A situação relativamente às escolas, capelanias de idosos e doentes e destes nas suas casas” é também “uma prioridade” para evitar a solidão e o abandono.
Por outro lado, durante a reunião com o cónego Hélder Fonseca Mendes e os sacerdotes da ilha de São Jorge, ficou sublinhada a necessidade de “cooperação com as demais instituições oficiais e da sociedade civil; dinâmicas e lugares de acolhimento das comunidades”, refere a nota.
Ontem, a ilha foi reforçada com a chegada de mais cem operacionais na mesma altura em que foi identificada uma nova zona de crise sismovulcânica, nos Rosais, onde foram registados sismos próximos da superficie, entre os cinco a sete quilómetros de profundidade.
Em declarações à agência Lusa, o brigadeiro-general Eduardo Faria disse que o registo de sismos na zona dos Rosais, na parte mais ocidental da ilha, é uma “situação nova”.
Desde o início da crise sísmica em São Jorge, no dia 19, que os sismos se têm vindo a registar na parte central da ilha, numa área que vai desde o centro de Velas até à Fajã do Ouvidor.
Já no briefing diário sobre a situação, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores tinha revelado a existência de “uma alteração relativamente à localização dos epicentros” dos sismos.
“Essas coisas não se podem prever onde vai ser, mas estar-se-ia mais à espera que continuasse na mesma linha que se tinha verificado nos últimos dias”, disse hoje à Lusa.
Segundo disse, os sismos na zona dos Rosais têm ocorrido mais próximos da superfície, uma vez que o epicentro tem sido registado entre os “cinco a sete quilómetros de profundidade”.
Já os eventos ocorridos na zona central da ilha continuam a ter um epicentro com profundidade de “7,5 a 12 quilómetros”.
Eduardo Faria acrescentou que os técnicos do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) estão a “analisar a situação”, uma vez que ainda não se “conhece inteiramente” o “contexto dos sismos registados” desde quinta-feira à noite na zona dos Rosais.
Face a essa situação, a Proteção Civil está a “avaliar” a possibilidade de impedir o acesso à zona mais ocidental da ilha, nos Rosais.
“Está-se a avaliar as condições de segurança daquela zona mais ocidental da ilha, olhando para as condições de estabilidade e para a possibilidade de vedar aquela zona, sobretudo a zona próxima do farol para salvaguardar qualquer dano pessoal”, acrescentou, referindo-se ao Farol da Ponta dos Rosais.
O Farol da Ponta dos Rosais entrou em funcionamento em 1958, mas está ao abandono desde 1980, depois de ter sido fustigado por vários eventos de natureza sísmica ao longo dos anos.
A ilha de São Jorge contabilizou mais de 14 mil sismos, desde o início da crise sísmica a 19 de março, segundo os dados oficiais mais recentes.
O número de sismos registados é mais do dobro do total contabilizado em toda a região autónoma dos Açores durante o ano 2021.
Cerca de 2.500 pessoas já saíram do concelho das Velas, centro da crise sísmica, das quais 1.500 por via aérea e marítima, e as restantes para o concelho vizinho da Calheta, considerado mais seguro pelos especialistas.
A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4(ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.