Cristãos açorianos chamados a serem “construtores de esperança”

Foto: Igreja Açores/Ouvidoria da Praia

Itinerário Pastoral construído a partir da ideia de laboratório

A concretização do caminho sinodal “aqui e agora” na diocese e a simplificação dos processos de sinodalidade “sem acrescentar mais trabalho e cansaços” aos fieis,  e sem a tentação de produzir documentos, são três preocupações presentes no Itinerário Pastoral, que será apresentado este domingo numa celebração na Catedral, em Angra do Heroísmo, às 18h00, presidida pelo bispo D. Armando Esteves Domingues.

“O objetivo não é produzir documentos nem ditar caminhos: é partilhar, dar origem a sonhos, profecias e esperanças, e abrir novos caminhos para a vida cristã e eclesial” pode ler-se no documento intitulado “Todos, todos, todos: Caminhar na Esperança”, coordenado pela Vigararia do Clero e da Formação e que toma como referência a Epístola de São Paulo aos Efésios (Ef 1, 17,18) na qual o apóstolo pede à comunidade de Éfeso que se abra totalmente à esperança, a virtude teologal que ilumina a fé e a caridade, mas também a encíclica de Bento XVI “Spe Salvi”, na qual o Papa convidava os cristãos a serem “sinal de contradição” na esperança, pelo facto da esperança cristã não ser “alguma coisa”, mas  “Alguém”.

“Estas `circunstâncias de esperança´ poderão ser motivos para a celebração de uma caminhada no sentido de compreendermos a que esperança fomos chamados: à essência da esperança cristã” , pode ler-se no documento, que tem em consideração as conclusões “que ainda necessitam ser implementadas” quer do Congresso de leigos, realizado em 1993 quer da Caminhada Sinodal que a diocese viveu nos últimos anos, apenas adormecida pela “sede vacante” em que esteve durante mais de um ano, e que não diferem muito apesar do seu desfasamento no tempo.

“Agilizar, descomplicar, desburocratizar” são termos  sinodais que refletem a “necessidade de concretizar a sinodalidade em ações e gestos concretos e realistas” prossegue o texto, explicitando assim a ideia de “laboratórios”.

“Os laboratórios serão os itens onde vão ser organizadas as atividades da Diocese ao longo dos próximos dois anos: – Laboratório da sinodalidade; – Laboratório da fraternidade e – Laboratório da esperança”, pode ler-se.

O documento explica, depois, o que se pretende em cada um dos laboratórios, nomeadamente “a necessidade de encontrar e desenvolver estruturas para que a sinodalidade se desenvolva” como “cimentar as estruturas pastorais de comunhão, consolidar (ou criar) os Conselhos Pastorais de Paróquia, de Ouvidoria e Diocesano, bem como, onde for necessário, interparoquiais ou de zona”, que se abram a pessoas que “mesmo estando fora da prática sacramental da Igreja, têm uma ativa participação cívica, de forma a alargar o âmbito da participação da Igreja na sociedade e vice-versa”, pensando e criando estruturas de acolhimento nas paróquias, desclericalizando e criando estruturas de comunhão.

“O objetivo é atribuir missões a cada elemento de acordo com o seu ministério/carisma, criando sentido de responsabilidade por uma determinada tarefa na Igreja, evitando, sempre que possível, o acumular de funções”, pode ler-se.

O Laboratório da fraternidade é um espaço destinado “às opções pastorais da Igreja neste tempo”, debruçando-se “sobre as grandes temáticas que os diversos serviços, movimentos, paróquias, ouvidorias ou a própria Diocese optarão por desenvolver”, nomeadamente os desafios lançados pela Jornada Mundial da Juventude, pela intervenção sócio-caritativa da Igreja, pela dimensão formativa dos agentes de pastoral seja no domínio social seja no domínio catequético ou, ainda, litúrgico, com especial enfoque na família e nos jovens.

 

Redimensionar os desafios da Jornada Mundial da Juventude para a nossa Diocese; Consolidar a Pastoral Social, desenvolvendo espaços próprios em cada paróquia que sejam respostas concretas aos problemas sociais; Prestar atenção redobrada à família como lugar sacramental, mostrando sempre a beleza do sacramento do matrimónio sem deixar de criar espaços para outros modelos de família dentro da Igreja; Dinamizar a catequese, harmonizando-a com o novo percurso catequético, implicando mais as famílias na corresponsabilidade pela educação da fé;  Reformular a pastoral vocacional, em diálogo com o Seminário e a Diocese, apostando mais na juventude e na sua capacidade de doação e de serviço; Organizar a Vigararia da Formação no sentido do diálogo com a cultura e na organização da formação permanente de leigos e ministérios; Promover o trabalho do Instituto Católico de Cultura nas suas várias áreas, dando-lhe um cariz mais diocesano e abrangente; Redimensionar o Serviço Diocesano de Comunicação Social, entendendo-o como estrutura fundamental de comunicação e comunhão, dentro e fora da Igreja”

 

Já o Laboratório da Esperança estará centrado mais no aspecto celebrativo e por isso, o Itinerário desafia as paróquias e as ouvidorias a criarem espaços “para aprofundar o conceito de esperança cristã e as suas concretizações” , através de “momentos litúrgicos, de lugares, de tradições e dos grandes gestos que traduzem a esperança na nossa Diocese”, num diálogo permanente com a cultura e as tradições açorianas.

“Esta proposta de itinerário com vista a um Plano Pastoral alargado e sólido só será possível se as ideias e as iniciativas partirem dos sacerdotes, consagrados e leigos que, em conjunto, deverão desenvolver ideias aqui propostas ou – sobretudo – apresentar novas ideias e iniciativas, dentro da caminhada que nos acompanhará até 2034”, insiste o documento. Nele é veemente o apelo “ao entusiasmo, à fraternidade e à esperança em nós, na Igreja e na força suave do Espírito Santo”.

“Não vivemos tempos fáceis, sobretudo depois de experimentarmos os grandes desafios e dificuldades que o século XXI nos vem apresentando, desde atentados terroristas, crises económicas, uma pandemia paralisante, guerras injustas e sufocantes, a emergência climática e uma humanidade desesperançada do amanhã, ou pior, com medo do futuro, em especial os nossos jovens”, conclui o documento.

“Neste tempo, a que alguns chamam era do vazio´, é urgente que a Igreja seja, ela própria, um sinal dos tempos: dar à esperança o lugar de primeira instância na vida dos homens e das comunidades”, conclui o documento que será apresentado este domingo, na Sé de Angra, às 18h00.

 

 

 

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