Iniciativa iria levar 4 mil voluntários às ruas de Portugal
A Cáritas Portuguesa anunciou hoje a decisão de suspender o seu peditório público nacional, iniciativa anual que iria levar 4 mil voluntários às ruas de Portugal, em vários espaços comerciais, escolas e comunidades paroquiais, nos próximos dias.
“Depois de equacionadas todas as circunstâncias, a Cáritas Portuguesa dá indicação de que se suspenda o Peditório Público Nacional”, indica um comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
A organização católica sublinha que “as várias Cáritas Diocesanas e os muitos voluntários envolvidos manifestaram a sua preocupação face à propagação do vírus Covid-19”.
“A Cáritas Portuguesa procura desta forma dar uma resposta que se enquadra nos apelos que têm vindo a ser feitos pelas autoridades nacionais e locais, de adotar comportamentos de prevenção sempre que a realidade local a isso obrigar, não querendo, assim, expor os seus voluntários nem aqueles com quem contactam a possíveis situais de risco ou de contágio”, acrescenta a nota de imprensa.
A organização católica agradece “a compreensão de todos para esta decisão e para os constrangimentos que dela advêm”.
“A circunstância que se vive no âmbito mundial, europeu e nacional a isto nos obriga”, conclui o comunicado.
Perante a epidemia do novo coronavírus, com 41 casos confirmados em Portugal até ao momento, o Governo determinou, entre outras medidas, a suspensão de voos para a Itália, aprovou um plano de contingência e ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte.
O peditório público acontece anualmente na Semana Nacional e no Dia Cáritas, instituído pela Conferência Episcopal Portuguesa no 3.º domingo da Quaresma (15 de março, em 2020).
“Neste ano, focamo-nos no centro da Cáritas: o amor traduzido no cuidar do outro”, refere D. José Traquina, bispo de Santarém e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, na sua mensagem para esta celebração.
O responsável católico sublinha, no texto enviado à Agência ECCLESIA, que “o amor é possível e necessário para pensar a sociedade, partindo sempre da pessoa humana”.
“Os cristãos devem estar na linha da frente, no interesse pelo bem da sociedade em que vivem. Porque ‘Cáritas é amor’ e o amor é criativo, é desejável que a semana Cáritas seja uma oportunidade para crescer em reflexão e ação”, sublinham.
Em 2019, a rede nacional Cáritas registou o atendimento a perto de 100 mil pessoas, ajudando a responder “às necessidades básicas de sobrevivência e de dignidade humana”.
Este é um número inferior ao de 2018, dado que a organização católica considera ser um sinal “de esperança”.
(Com Lusa)