Igreja diocesana organiza procissões no domingo pela terceira vez desde suspensão do feriado do Corpo de Deus
A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, vulgarmente conhecida por Corpo de Deus, que se celebra 60 dias após a Páscoa, na quinta-feira a seguir ao primeiro domingo depois do Pentecostes, é assinalada amanhã, com a celebração da Eucaristia seguida, na maioria das paróquias açorianas de Procissão.
É a terceira vez que a Igreja portuguesa adiou a festa para o domingo depois de estabelecido entre o Governo português e a Santa Sé que o feriado em dia de semana seria “suprimido temporariamente, por cinco anos”, ou seja até 2017.
A festa litúrgica continua a ser celebrada e vivida de forma muito intensa pelas comunidades católicas, pelo facto de sublinhar a “centralidade da vida cristã que é o mistério da Eucaristia, o mistério da presença de Jesus sempre, todos os dias na vida de cada um de nós”, sublinha o padre Luís Alberto de Carvalho, do patriarcado de Lisboa, sobre a manifestação que nasceu na segunda metade do século XIII, com o Papa Urbano IV.
Na Diocese de Angra, a celebração é particularmente vivida nalgumas paróquias em que a data coincide inclusive com o feriado municipal, como é o caso da Povoação, na ilha de São Miguel.
A Zona Pastoral de Angra vai celebrar com toda a Igreja a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo este domingo, com a Eucaristia, pelas 18h00, no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, seguida de Procissão.
Também em Ponta Delgada, a Solenidade do Corpo de Deus faz convergir as paróquias da cidade para a Igreja Matriz de São Sebastião onde será concelebrada a Eucaristia às 18h00, presidida pelo ouvidor, seguida de Procissão.
Em ambos os casos são convidados todos os Sacerdotes, Paróquias, Capelanias, Comunidades Religiosas, Confrarias do Santíssimo, Movimentos e Obras de Apostolado, Romeiros, Escuteiros as crianças da Primeira Comunhão e seus pais e demais fiéis a participarem na Eucaristia e na Procissão.
Na Matriz da Horta a Missa solene é às 18h00 e será animada pelo Grupo Coral Litúrgico, acompanhado pelo Grupo de Metais da Matriz da Horta, seguindo-se a procissão do Corpo de Deus, com a participação das Confrarias do Santíssimo da Ilha. A festa, que este ano é presidida pelo pároco dos Mosteiros, na ilha de São Miguel, Pe Marco Sérgio Tavares, encerra com “Te Deum” e Bênção do Santíssimo Sacramento.
Também na Povoação, na ilha de São Miguel, a celebração do Dia do Corpo de Deus tem um profundo enraizamento popular, desde logo porque está associada ao feriado municipal.
A Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo começou a ser celebrada há mais de sete séculos, em 1246, na cidade de Liège, na atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula ‘Transiturus’, em 1264, dotando-a de missa e ofício próprios.
Na origem, a solenidade constituía uma resposta a heresias que colocavam em causa a presença real de Cristo na Eucaristia, tendo-se afirmado também como o coroamento de um movimento de devoção ao Santíssimo Sacramento; terá chegado a Portugal provavelmente nos finais do século XIII e tomou a denominação de Festa de Corpo de Deus.
A “comemoração mais célebre e solene do Sacramento memorial da Missa” (Urbano IV) recebeu várias denominações ao longo dos séculos: festa do Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo; festa da Eucaristia; festa do Corpo de Cristo.
A procissão com o Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que “onde, a juízo do bispo diocesano, for possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo”.