O coordenador da Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC-MTC) considera que a contestação social é “muito natural”, devido à crise que “assolou” países e “trabalhadores em especial”.
“Dentro do período que vivemos, que é um período difícil para os trabalhadores em especial, o nível de vida, ao nível da habitação, ao nível dos bens essenciais, deu um salto. Nós perdemos salário, sem nos tirarem salário, dentro dessa exigência que é necessário fazermos há que manter uma porta entreaberta para se chegar a um diálogo para se encontrar soluções”, disse Américo Monteiro, em entrevista à Agência ECCLESIA, por ocasião da celebração do 1.º de maio.
O responsável alertou para o impacto da crise sobre as pessoas que viram “desvalorizado o seu salário, desvalorizado o seu local de trabalho”, sublinhando que “é fundamental” manter a “porta aberta para o diálogo e para encontrar soluções”.
“Os trabalhadores, que não têm de ser só os cristãos, devem ter sempre o sentido de deixar algum tipo de porta entreaberta para se chegar ao diálogo e para se resolver as situações. Muitas vezes não é culpa dos trabalhadores que esse diálogo não existe, mas os trabalhadores têm essa possibilidade e tem essa responsabilidade de manter sempre um pequeno nível que seja de possibilidade de algo para que as coisas se resolvam, e digamos a dinâmica de trabalho evolua”.
Segundo Américo Monteiro, “é perfeitamente natural, nesta altura, alguma radicalização” nas posições de sindicatos e trabalhadores, considerando que aquilo que se reclamara “não é nada injusto”,
O coordenador nacional da LOC-MTC realçou que a situação de pobreza entre os trabalhadores com contrato é um problema que “foi agravado pela situação de carestia de vida”.
“Todos reconhecem que quem trabalha e ganha um salário mínimo nacional, se tem mais alguma pessoa a cargo, está numa situação de pobreza”, advertiu o responsável, que está profissionalmente ligado ao setor do calçado.
“Os custos aumentaram. Fixamo-nos na habitação, mas em tudo que tem a ver com a vida das pessoas houve um aumento que não foi coberto pelos salários. Quem estava no limite de ser abrangido pela situação de pobreza está agora a ser apanhado”.
Apontando a uma solução de rendimento básico incondicional, o entrevistado afirmou que esta solução “não é para que as pessoas não tenham trabalho”, mas seria um “equilíbrio para aqueles que nalguns momentos não têm acesso” a outra fonte de rendimentos.
Américo Monteiro lembrou que “há empregos ainda muito penosos”, porque o ritmo de trabalho, “os tipos de exploração são muito duros”.
“Por exemplo, um trabalhador, uma trabalhadora, que trabalha 35 anos num emprego noturno não teria direito a começar a descansar mais cedo, um acesso a uma reforma mais cedo pela penosidade do trabalho que teve? Às vezes não é pela dureza intrínseca do trabalho que executa, mas a dureza do tipo de vida que teve de adotar e que não faz bem às pessoas”, desenvolveu.
A Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos de Portugal convida todos os trabalhadores “a encontrarem-se, a ser solidários”, neste 1º de maio, salientando que para os trabalhadores e para os trabalhadores cristãos “é um dia muito especial”.
“Estamos inseridos no meio no mundo sindical, no mundo laboral, no mundo associativo, e nesta data apelamos também à participação, ao integrar as dinâmicas dos trabalhadores no geral”, apontou Américo Monteiro.
O coordenador nacional da LOC-MTC Portugal considerou que um cristão em meio operário, segundo a matriz do movimento, participa na “vida ativa”, que “sejam pessoas solidárias com os seus companheiros e procurem fazer passar os valores da evangelização”, que é o “objetivo primeiro”, no sentido que essa evangelização leve ao “sentido de participação, de solidariedade, de acolhimento das dificuldades dos seus companheiros.
(Com Ecclesia)