O arcebispo luso-canadiano D. José Bettencourt, atualmente representante diplomático do Papa na Geórgia e Arménia, disse à Agência ECCLESIA que procura “ir ao encontro daquilo que as pessoas são”, no seu trabalho.
O núncio apostólico sublinha a importância de ser sensível ao presente, ao que está diante de cada um.
“É aí que Deus se move”, afirma.
D. José Bettencourt brinca com a facilidade de fazer amigos, “um de cada vez”, apresentando-se como uma pessoa otimista na forma de ver o mundo e as pessoas.
Diante de si, assinala, tem encontrado “essencialmente boa gente, que procura alguma coisa”.
Antigo chefe do protocolo da Santa Sé, o diplomata considera que “estar num posto quer dizer fazer dele alguma coisa útil, senão não serve de nada”.
Para o arcebispo nascido nos Açores, o fundamental é ir ao encontro das necessidades das pessoas, levando-as “ao encontro da fé, de Cristo”.
“As pessoas olham para nós, o colarinho, o título de padre, o que seja, mas o que vale mais é o testemunho”, reforça.
“Em posições vistas por algumas pessoas como de importância há ainda mais responsabilidade para que se dê um testemunho de vida, concreto”, afirma.
O núncio apostólico assinala que, no seu serviço, procura evitar uma visão fria, institucional, do Vaticano, promovendo o contacto pessoal.
O objetivo, explica, é “ser uma ponte, um ponto de encontro”.
Um serviço que o levou à Geórgia e Arménia, em 2018, como núncio apostólico.
“Tem sido uma enorme surpresa”, admite, confessando “um fascínio” particular pelos dois países.
O arcebispo luso-canadiano D. José Bettencourt é o representante diplomático do Papa na Geórgia e Arménia, onde procura criar “pontes” numa região em que os católicos são uma minoria.
“Eu só tenho a agradecer a experiência e as oportunidades que me foram dadas. Têm sido ocasiões para servir, essa é a palavra-chave”, refere à Agência ECCLESIA.
Segundo o núncio apostólico, a presença na atual crise foi “um sinal para o Governo, um sinal para o povo”, em países onde os católicos representam menos de 1% da população”.
“Vejo-me como o coração e os braços do Papa Francisco para o Cáucaso”, assinala.
Na Arménia, o responsável acompanha o conflito do Nagorno Karabakh, que tem merecido a atenção do Papa; já na Geórgia, é o decano do corpo diplomático, o primeiro entre os embaixadores, “um grande passo para um país ortodoxo”.
“Não me limito a estar só na capital, faço questão de ir visitar os diversos pontos dos países onde estou”, explica, procurando estar “próximo das pessoas, apesar da barreira da língua”.
“A minha intenção é criar pontes, relações, passo a passo”, afirma.
Na Geórgia, D. José Bettencourt encontrou pontos de contacto com a história portuguesa: os missionários agostinianos ligados à província de Goa, que fizeram pastoral no Cáucaso, em particular frei Ambrósio dos Anjos.
O religioso cruzou-se com uma das santas mais veneradas da Geórgia, Santa Ketevan (c. 1560-1624), rainha que sacrificou a vida em prol da fé cristã e da independência do seu país.
Esta história é retratada num conjunto de azulejos no Convento da Graça, em Lisboa.
(Com Ecclesia)