Por Renato Moura
Numa notável cimeira na sede da ONU, a 25.09.2015, 193 Estados-membros aprovaram, por unanimidade, a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, um guia definindo 17 objectivos, com 169 metas, para transformar o nosso mundo.
O objectivo 2 é “Erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável” e uma das suas metas é “Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os mais pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, a uma alimentação de qualidade, nutritiva e suficiente durante todo o ano”.
Do objectivo 12 – Produção e consumo sustentáveis, uma das metas é “Até 2030, reduzir para metade o desperdício de alimentos per capita a nível mundial, de retalho e do consumidor, e reduzir os desperdícios de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as que ocorrem pós-colheita”.
Os objectivos, à escala global, visam a erradicação da pobreza e o desenvolvimento económico, social e ambiental.
A publicação do livro “Desperdício Alimentar”, da docente universitária Iva Pires, em edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos, serviu para nos confrontarmos com realidades duras: 1/6 da população mundial passa fome; vão para o lixo mais de 1,3 milhões de toneladas de alimentos por ano; a fome, a subnutrição, a insegurança alimentar, afectam mais de 800 milhões de seres humanos; produzem-se alimentos mais que suficientes para nutrir todos os seres humanos do planeta.
A promoção da prosperidade e do bem-estar não é só tarefa dos estados. Urge analisar os nossos comportamentos, ajudar na realização de objectivos mundiais, operar contra a inacção.
Atentemos: há campos onde ficam por colher alimentos; há supermercados e lojas que destroem frutas, legumes e outros produtos ainda aproveitáveis; há restaurantes onde diariamente se lançam para o lixo alimentos sadios; haverá cantinas escolares que lançam fora sobras dos almoços, que os alunos pobres gostariam de comer ao jantar; haverá instituições que cozinham, sem considerar que os excessos só servem para engordar porcos! E tudo enquanto: se poderiam ajudar pobres; matar a fome a famílias.
Mas o ambiente familiar será aquele em que mais se desperdiça: sem avaliar o que se gasta; sem aproveitar sobras; deixando estragar; não educando os filhos.
Um só homem não poderá mudar o mundo. Mas pode ajudar o vizinho; influenciar a sua rua; intervir na sua comunidade. É o dever geral de cada homem; e a obrigação especial de cada cristão.