Presidente da Cáritas portuguesa apela a soluções criativas e diferenciadas para resolver problemas diferentes no território nacional

A presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, desafia a rede Cáritas a pensar em soluções diferenciadoras, marcadas pela criatividade, que possam responder aos problemas que existem em cada parcela do país, mantendo a identidade cristã da Cáritas.
“Os territórios têm problemas diferentes, e não podemos tentar resolvê-los com uma estratégia única”, afirmou a dirigente nacional em declarações aos jornalistas no final do primeiro dia de trabalhos do Conselho Geral da Cáritas que termina este sábado em Angra do Heroísmo, ilha Terceira.
“Nós não temos preocupações transversais iguais. Essa é a diferença quando nós depois temos como é que resolvemos. Nós não podemos resolver coisas que são diferentes da mesma maneira”, frisou.
Segundo Rita Valadas, “quando as coisas são muito diferentes, não há política estratégica global que resolva. E, portanto, vão ficando franjas, vão ficando assuntos para resolver, vão ficando fragilidades para a segunda linha”.
“O que nós estamos aqui a tentar fazer é este movimento simples, próximo de olhar os territórios e encontrar em cada realidade, de forma próxima, quais são os problemas em que nós podemos colaborar diretamente e em que nós podemos dar conselhos a quem está connosco num território, a estratégias nacionais, tudo isso para tentar resolver os problemas por outra via”, declarou.
O Conselho Geral da Cáritas Portuguesa, que reune pela segunda vez na ilha Terceira e que encerra hoje, com uma eucaristia na Sé, presidida pelo Bispo de Angra, é um encontro estatutário que reúne representantes das Cáritas diocesanas de todo o país. Durante o evento, foram discutidos temas relacionados com a atuação da instituição, além da aprovação de documentos internos, como relatórios de atividades e contas.

A presidente da Cáritas Diocesana de Angra apelou, por sua vez, ao envolvimento ativo dos cristãos na identificação dos problemas que afetam as populações mais vulneráveis da sociedade.
Anabela Borba enfatizou a importância de um compromisso efetivo por parte das comunidades paroquiais na detecção de situações de risco, incluindo jovens, pessoas sem-abrigo e outras em situação de vulnerabilidade.
“Estar próximo é relativamente fácil quando as equipas técnicas já trabalham com as pessoas. O desafio maior é identificar quem precisa de ajuda”, afirmou a presidente da Cáritas de Angra, reforçando a necessidade de motivar cristãos ativos nas paróquias, capazes de reconhecer e agir diante dessas situações.
“É essencial cultivar um espírito de inconformismo” para que o trabalho da Cáritas continue a evoluir.
“Não se trata apenas de apoio social. É preocupante que muitas paróquias não cuidem dos seus pobres e que os cristãos nem sempre estejam atentos às pessoas mais frágeis da sociedade, independentemente de frequentarem ou não a igreja”, lamentou.
A líder da Cáritas Diocesana destacou ainda a diversidade de desafios enfrentados pelas diferentes regiões do país e chamou a atenção para as problemáticas específicas dos Açores, especialmente a população sem-abrigo em São Miguel e a inserção de jovens em situação de risco.
Atualmente, a Cáritas está presente em oito das nove ilhas do arquipélago, ajustando as suas respostas às necessidades locais.
Nesta reunião estiveram 17 secretariados diocesanos da Cáritas.
Ontem à noite realizou-se uma conferência com a Secretária-Geral da Cáritas de Espanha, Natália Peiro.