D. José Ornelas participou numa celebração ecuménica no Porto, por ocasião do dia da tomada de posse de um novo mandato do Presidente da República
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje, no Porto, que “seria altamente perigoso ter um Estado que ignorasse ou hostilizasse” as confissões religiosas porque isso significaria “negar os direitos humanos básicos” e “perder a memória da história”.
“Creio na vantagem de termos um Estado não confessional, que seja aberto à diversidade de formas religiosas presentes no país e que não tira nada à importância da fé de cada um, mas acho que seria altamente perigoso ter um Estado que ignorasse ou, pior ainda, que hostilizasse a manifestação dessa dimensão fundamental do ser humano e da sua justa expressão na sociedade”, disse o presidente da CEP.
José Ornelas falava na Câmara Municipal do Porto onde esta tarde decorreu uma cerimónia ecuménica com representantes de mais de uma dúzia de confissões religiosas presentes em Portugal, na presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que iniciou hoje o seu segundo mandato.
“Isso [hospitalizar as confissões religiosas] significaria negar os direitos humanos básicos, mas, mais ainda, perder a memória da história que moldou as nossas culturas, o pensamento, a arte, o bem-fazer, bem como reduzir e privar o futuro de uma dimensão espiritual capaz de integrar valores universais, humanizadores e inspiradores de bem-pensar, operar e projetar”, disse o presidente da CEP, que é também bispo de Setúbal.
José Ornelas agradeceu a Marcelo Rebelo de Sousa a decisão de incluir esta visita ao Porto e esta cerimónia no programa de tomada de posse e marcou o seu discurso de apelos alertas como a necessidade de, em relação à ciência e aos avanços tecnológicos, “encontrar convergência de valores e objetivos num equivalente desenvolvimento da ética, do direito, da justiça, da solidariedade, da cultura e da espiritualidade”.
“É desse modo que se poderá evitar a instrumentalização egoísta dos poderosos meios de que dispomos, sem respeito pela Humanidade no seu todo e pelo planeta que habitamos”, disse.
O presidente da CEP também alertou para a manipulação do sentido de pátria e religião por pessoas e grupos extremistas.
“Penso que é importante que estejamos unidos para afirmar que a violência não é compatível com a expressão da fé, mas a sua negação com a expressão da pátria e do seu progresso na evolução da Humanidade”, referiu.
(Com Lusa)