Confederação internacional da Cáritas teme que conflito se prolongue “por uma década”

 

A confederação internacional da Cáritas alertou hoje para o agravamento da situação humanitária na Ucrânia, dois anos após invasão russa, receando um conflito que “se prolongue por uma década”.

Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a ‘Caritas Internationalis’ assume que está a fazer “planos a longo prazo” para a assistência à população no leste da Europa.

“Dois anos após o início da guerra e quase uma década após o conflito no leste do país, a situação humanitária na Ucrânia continua a deteriorar-se e não irá melhorar se as hostilidades não cessarem”, indica a nota.

A confederação dá conta dos relatos das suas duas organizações locais – Cáritas Ucrânia e ‘Caritas-Spes’ Ucrânia, evocando o segundo aniversário da invasão russa, que começou a 24 de fevereiro de 2022.

“Com o apoio de toda a confederação ‘Caritas Internationalis’ e graças a mais de 2600 funcionários e voluntários, as duas organizações prestaram assistência humanitária a mais de 3,8 milhões de pessoas nos últimos dois anos”, indica a organização católica.

A assistência incluiu o fornecimento de alimentos e artigos não alimentares, abrigo, artigos de saúde e higiene, assistência em dinheiro, serviços de saúde e apoio psicossocial, programas de proteção e educação.

“Desde o início da guerra, a Cáritas Ucrânia e a ‘Caritas-Spes’ Ucrânia têm sido exemplares no seu trabalho, cuidando de todo o seu povo, durante a guerra. São a Caritas no seu melhor e a nossa confederação está-lhes grata. Continuaremos a apoiá-los e a erguer a nossa voz para que este conflito termine”, afirma Alistair Dutton, secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’.

A organização católica alerta para a “escalada das hostilidades e dos combates”, que atingiram infraestruturas civis w levaram a “uma deterioração da situação humanitária em regiões onde as pessoas já enfrentam grandes necessidades”.

Segunda a Cáritas, 40% da população na Ucrânia precisa de assistência humanitária e mais de 6 milhões de ucranianos estão refugiados.

“No leste e no sul, incluindo os territórios sob o controlo temporário da Federação Russa, milhões de pessoas não dispõem de água, alimentos, cuidados de saúde, habitação, proteção e outros serviços e fornecimentos essenciais”, indica o comunicado, que fala ainda num “impacto ambiental dramático”.

As organizações da Caritas estão a preparar um plano de resposta a longo prazo, realçando que “de acordo com os peritos, a guerra pode durar uma década”.

“Temos de estar preparados para prestar assistência a longo prazo e para enfrentar a significativa crise humanitária que está a ter lugar na Ucrânia e que, em última análise, afeta a comunidade global”, afirmou o padre Vyacheslav Grynevych, diretor-executivo da ‘Caritas-Spes ‘Ucrânia.

Tetiana Stawnychy, presidente da Cáritas Ucrânia, indica por sua vez que a ajuda passa por “vários cenários de desenvolvimento da situação, numa abordagem abrangente para cada indivíduo”.

A agressão militar russa à Ucrânia provocou, desde 2022, pelo menos 10 mil mortos e cerca de 20 mil feridos entre a população civil, indicou esta quinta-feira a ONU, admitindo que estes números possam ser “significativamente mais altos”.

(Com Ecclesia)

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