Festividades foram adiadas uma semana por causa da falta de transporte marítimo
O Vigário Geral da Diocese de Angra, Cónego Hélder Fonseca Medes, preside às Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que se realizam em Santa Maria este fim de semana de Pentecostes, hoje e amanhã.
As festas que se costumam realizar uma semana depois das de Ponta Delgada, foram adiadas uma semana por causa da falta de transporte marítimo de passageiros que impediu a chegada de alguns elementos participantes na festa, disse este sábado ao Sítio Igreja Açores o Provedor da Mesa da Irmandade do Senhor Santo Cristo, Hélder Pimentel.
“Foi um contratempo que a Atlanticoline tentou reparar fazendo um desconto de 50% nas viagens até Santa Maria durante este fim de semana e que nós agradecemos apesar de nos ter feito adiado as festas por uma semana”, disse.
Duas semanas depois da maior ilha do arquipélago ter celebrado as Grandes Festas em honra do Senhor Santo Cristo, é a vez dos marienses prestarem a sua homenagem ao Ecce Hommo, que sairá por duas vezes à rua: uma este sábado às 19h00, para a procissão da mudança da imagem da igreja Matriz de Vila do Porto para a Igreja das Victórias e outra no domingo, para percorrer as principais ruas de Vila do Porto.
A preparação começou na quarta feira, com a celebração de um tríduo preparatório pregado pelo ouvidor da ilha, Pe Vitor Arruda, na igreja Matriz, e prossegue durante todo o fim de semana. A Missa da Festa, no domingo, pelas 11h00, terá lugar na Igreja das Vitórias, seguindo-se às 16h00 a procissão.
Esta tradição nasceu em 1971, quando um grupo de funcionários do Aeroporto de Santa Maria não podendo deslocar-se a Ponta Delgada para assistir ao momento solene das Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, decidiu organizar “uma festa semelhante” onde as pessoas pudessem pagar as suas promessas tal e qual como fazem em São Miguel.
“Hoje dos fundadores já não há nenhum entre nós ainda assim o espirito mantém-se e nós todos os anos procuramos honrar este compromisso da melhor forma possivel”, sublinhou ainda Hélder Pimentel, Provedor há 10 anos e filho de um dos fundadores desta Irmandade que tem 42 irmãos.
“O ponto alto das nossas festas é sempre a mudança da imagem e a procissão embora também gostassemos que houvesse mais gente na parte social que nós procuramos organizar também de forma muito intensa”, disse ainda referindo-se à “crise” e “às dificuldades financeiras” das famílias para justificar uma ausência de pessoas na festa.
“Organizar esta festa não é fácil sobretudo quando não temos apoios oficiais a não ser os da Câmara Municipal de Vila do Porto”, referiu ainda Hélder Pimentel que está no entanto “confiante” no “êxito desta edição porque muita gente chegou à ilha ontem e ainda está a chegar hoje”.
Além da parte religiosa há um vasto programa social, com uma feira de atividades económicas, restauração e bazar bem como vários concertos de filarmónicas e grupos de música popular. Este ano a Banda Filarmónica convidada é a Estrela D´Alva, de São Miguel.
Além de São Miguel e Santa Maria, a festa religiosa do Santo Cristo, é celebrada ainda noutras ilhas dos Açores, no continente e na diáspora, nomeadamanete em vários locais do Canadá, por ser um culto muito próprio dos açorianos.
Graciosa, São Jorge, na caldeira, e nas Flores são as ilhas onde este culto se celebra. De destacar por exemplo, que desde 2004 se celebra anualmente a festa do Senhor Santo Cristo na Igreja de Nossa Senhora da Vitória, na baixa de Lisboa, devido à devoção do frei Francisco Fialho, natural da ilha Terceira, que reside no continente há mais de 25 anos.
À semelhança do que acontece com a imagem do ‘Ecce Homo’ em Ponta Delgada, durante os dias da festa, a réplica da imagem, que mede cerca de 40 centímetros, é exposta num altar lateral da igreja lisboeta, dentro de um andor de flores multicolores, usando uma capa bordada com fios de ouro.
No entanto, em Lisboa não há procissão pelas ruas, apenas uma missa no sábado, precisamente ao mesmo tempo que, em Ponta Delgada, a imagem sai do convento onde está durante o ano, é recebida pela Irmandade do Santo Cristo e dá a volta ao Campo de São Francisco, onde milhares de pessoas costumam pagar as suas promessas.
Também muitas misericórdias nos Açores celebram o Santo Cristo, normalmente, no início de janeiro, dado que nessa altura se celebra a festa do nome de Jesus e, praticamente, todas as misericórdias dos Açores têm uma festa ao Santo Cristo das Misericórdias, mas sob a forma da cruz.