Irmã Jacqueline Mendes, a animadora da comunidade destaca “espiritualidade e relação com o sagrado” do povo açoriano
Há menos de uma semana em Ponta Delgada mas estudiosas do culto ao Senhor Santo Cristo as religiosas do Bom Pastor, que nos próximos anos vão zelar pelo cuidado da imagem do Senhor Santo Cristo e rezar pelas intenções deixadas no Santuário, e chegaram a Ponta Delgada na passada quarta-feira, dizem sentir-se “bem acolhidas”.
“Os açorianos são um povo muito acolhedor e espiritual, que procura o sagrado e a nossa experiência em poucas horas já deu para testemunhar a alegria interior e a abertura para nos acolherem” referiu ao programa de rádio Igreja Açores a líder da comunidade irmã Jaqueline Mendes.
“Os açorianos são um pouco muito espiritual e isso é muito bonito” referiu ainda numa entrevista que pode ser ouvida aqui no Sítio Igreja Açores e este domingo na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra..
A irmã Jaqueline Mendes tem 54 anos, é brasileira e está há dois anos em Portugal. Será no Convento da Esperança a “animadora” (superiora) da comunidade religiosa contemplativa, que se irá encarregar da vida no Convento da Esperança.
“ A nossa missão é testemunhar a primazia de Deus através da oração, da liturgia, da lectio divina e sobretudo da clausura do coração dedicando a nossa vida à oração, à escuta e ao acolhimento dos que nos procuram” refere a religiosa que integra também a equipa da Pastoral Vocacional da Província portuguesa das irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, congregação fundada por Maria Eufrásia Pelletier, no século XIX, com o intuito de cuidar da educação de crianças, jovens e mulheres que eram excluídas da sociedade.
Integram ainda a comunidade mais duas religiosas- Juana Salvatierra e Magdalena Pico, respetivamente naturais do Perú e Equador –, ambas a residir em Portugal já há cinco anos.
“Essa doação à vida orante para que este local se possa tornar numa escola de oração é a nossa principal missão” refere a Irmã Jaqueline Mendes, que faz ainda a apresentação da congregação: “Somos uma congregação com dois estilos de vida: apostólica e contemplativa… e ainda temos voluntariado, através da União dos Amigos do Bom Pastor”.
“É com extrema alegria que vamos receber esta comunidade contemplativa das Irmãs do Bom Pastor, menos de um ano depois da anterior congregação ter saído da região. Ficamos felizes pelo convento voltar a ter vida, uma vida que é quase um regresso às origens pois voltamos a ter uma comunidade contemplativa como aconteceu com a primeira comunidade que habitou o convento”, disse o reitor do Santuário açoriano em declarações ao Igreja Açores.
O cónego Adriano Borges explicou que o santuário cristológico, em Ponta Delgada, é o lugar “onde chega o maior número de pedidos de oração” nos Açores, por isso, é “muito gratificante” que as religiosas contemplativas possam “cuidar da oração dos que pedem a intercessão do Senhor Santo Cristo”.
Para além da oração, vão ser guardiãs da imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres e zelar pelo aprofundamento deste culto, impulsionado por a madre Teresa da Anunciada, religiosa contemplativa de clausura.
“É como que um regresso às origens e isso é muito interessante”, observou o cónego Adriano Borges.
O ramo apostólico das Irmãs do Bom Pastor já está presente na diocese açoriana, nomeadamente no apoio a população excluída e a vítimas de violência doméstica, com uma casa abrigo, em Ponta Delgada, em São Miguel.
As Irmãs de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor com cerca de quatro mil membros e cerca de 500 associados, estão presentes nos cinco continentes; É também uma organização não-governamental, (ONG) com status consultivo especial, no Conselho Económico e Social (ECOSOC), da Nações Unidas, no combate ao tráfico de crianças e mulheres.
A imagem do Santo Cristo tinha como zeladoras as religiosas de Maria Imaculada que saíram do Convento da Esperança no fim do mês de maio de 2021, onde estavam há mais de 60 anos.