Documento pede que “ninguém fique para trás”
As comissões diocesanas Justiça e Paz exigem “um combate sem quartel à globalização da indiferença e à cultura do descarte”, para que “ninguém fique para trás” face ao sofrimento “que estes tempos trazem de forma avassaladora e quase insuportável”.
Numa nota assinada pelas comissões diocesanas de Bragança-Miranda, Évora, Lamego, Leiria-Fátima, Portalegre e Castelo Branco e Vila Real, e pela Comissão Nacional Justiça e Paz, é sublinhado que “os últimos anos têm-se apresentado como um desafio constante a um bem-estar e segurança que se supunham realidades consolidadas”.
“A pandemia, e agora a devastadora e incompreensível guerra, introduzem desequilíbrios nos modelos organizativos e produtivos que se pensavam estabilizados e provocam desordens graves que afetam de forma particularmente mais intensa os mais fracos da sociedade, acentuando-se consequentemente os níveis de desigualdade”, acentua o documento.
A estes dois fatores, os subscritores acrescentam a inflação, que “surge de forma crescente, repercutindo-se de modo alarmante nos preços de bens essenciais que impactam diretamente na vida de todos, mas sobretudo dos que têm menos, porque de bens essenciais se trata”.
Perante este quadro, as comissões diocesana e nacional Justiça e Paz defendem “uma intervenção política integradora de todas as sinergias sociais e económicas” que seja “criativa” e combata “a cegueira de uma ação que, por ser teoricamente igual para todos, deixa tantos de fora”.
Para os subscritores do documento – as comissões Justiça e Paz são dependentes da Conferência Episcopal Portuguesa -, cabe ao Estado “organizar e incluir nesta intervenção todos os atores sociais e económicos, de forma a antecipar omissões e exclusões”.
O comunicado recorre ainda à mensagem do Papa Francisco para o VI Dia Mundial dos Pobres, que se assinala no dia 13 de novembro.
“A experiência de fragilidade e limitação, que vivemos nestes últimos anos e, agora, a tragédia duma guerra com repercussões globais, devem ensinar-nos decididamente uma coisa: não estamos no mundo para sobreviver, mas para que, a todos, seja consentida uma vida digna e feliz”, escreve o pontífice.
(Com Lusa)