A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica em Portugal, apelou à “mudança de mentalidades” para enfrentar alterações climáticas, na linha do que defende o Papa na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2020.
“Os resultados da cimeira de Madrid, sobre o combate às alterações climáticas, a muitos dececionaram, desde o secretário-geral da ONU às organizações da sociedade civil (incluindo as católicas) que se dedicam a essa causa. Tal significa que a necessária mudança de mentalidades que a conversão ecológica supõe ainda não chegou a muitos responsáveis políticos”, refere a CNJP, em nota enviada hoje à Agência ECCLESIA.
O Papa Francisco apelou a uma “conversão ecológica” que garanta o futuro da humanidade, na sua mensagem para o 53.º Dia Mundial da Paz, que a Igreja Católica celebra a 1 de janeiro de 2020.
“Vendo as consequências da nossa hostilidade contra os outros, da falta de respeito pela casa comum e da exploração abusiva dos recursos naturais – considerados como instrumentos úteis apenas para o lucro de hoje, sem respeito pelas comunidades locais, pelo bem comum e pela natureza –, precisamos duma conversão ecológica”, refere o texto para a celebração, intitulado ‘A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica’.
Comentando a mensagem, a CNJP sustenta que essa conversão deve partir da “vida quotidiana de cada um”.
“A conversão ecológica de que fala a mensagem decorre, para os crentes, de uma visão alargada do amor a Deus e ao próximo. Um amor que reconhece a bondade dos dons da criação e a solidariedade para com as gerações futuras”, indica o organismo católico.
A nota indica que a paz é mais do que um “simples equilíbrio de forças”, pelo que não “pode assentar na dissuasão, na desconfiança, na ameaça ou no medo de retaliações”.
“A segurança que possa decorrer da dissuasão nuclear, do chamado ‘equilíbrio do terror’ (assente no medo que decorre do perigo e ameaça de uma aniquilação total e recíproca) será sempre ilusória”, adverte a CNJP, apontando à “abolição total da posse de armas nucleares”.
O organismo católico encerra o seu texto com um “apelo à esperança” para o início do ano de 2020.
(Com Ecclesia)