Iniciativa tem lugar na Igreja de Santa Lúzia de Angra, em Angra, dia 25 de abril, às 19h00 (Com áudio)
A Comissão Diocesana Justiça e Paz vai assinalar os 50 anos do 25 de abril com a celebração de uma Eucaristia na Igreja de Santa Lúcia, em Angra, no próximo dia 25 de abril, às 19h00.
“A comissão Justiça e Paz em qualquer diocese tem por missão sublinhar a importância dos valores da Doutrina Social da Igreja e desde 1891 que a Doutrina Social da Igreja vem afirmando que a democracia, a liberdade, a participação, o bem comum, a partilha de bens são valores fundamentais na vivência social e política das pessoas e nós, em Portugal, só conseguimos isso em 1974 e, portanto é isto que estamos a celebrar” referiu ao Igreja Açores o assistente da Comissão, padre José Júlio Rocha, que presidirá à celebração.
“Queremos agradecer a Deus o dom de vivermos em paz – o 25 de abril de 74 também significa o fim de uma guerra- em democracia e em liberdade valores que a Igreja defende”, refere o sacerdote.
Para o padre José Júlio Rocha celebrar a democracia e a liberdade deve estar acima de qualquer questão partidária.
“Não se trata de uma questão político partidária; celebrar o 25 de abril está acima de qualquer partido. É sempre importante celebrarmos os valores de abril. E será preocupante que existam pessoas que não queiram celebrar isto”, refere o sacerdote destacando que esta celebração será também um alerta: “se a Igreja não se deve imiscuir na vida partidária, a igreja tem o seu papel e neste caso é de agradecimento por vivermos em democracia e em paz”.
Rejeitando qualquer colagem ou instrumentalização da Igreja por qualquer regime, de esquerda ou de direta, o padre José Júlio Rocha recorda apenas que a juventude da democracia e a sua vulnerabilidade exigem uma atenção especial dos cristãos.
“Há países em que a Democracia está em causa porque ela trás riscos, traz incerteza” e diante de alguns fenómenos como as dificuldades económicas, as migrações, o aumento da insegurança ou da criminalidade, “é mais fácil a segurança de uma ditadura que nos mantém a todos sossegados mas sem liberdade, e há pessoas que preferem isso”, refere ainda.
“Esta missa também servirá para que a memória não se perca e todos possamos empenhar-nos na defesa dos valores de abril”, concluiu.
Os bispos católicos deram a conhecer no passado dia 11 uma carta pastoral a propósito do 25 de abril onde reconhecem “tudo quanto se conseguiu de positivo no Portugal democrático” e alertam para intenções que “continuam a reclamar nos dias de hoje”.
“Passado meio século, podemos e devemos reconhecer tudo quanto se conseguiu de positivo no Portugal democrático, a começar pela liberdade política, o fim da guerra em África e a dedicação cívica de tantos, das autarquias ao Estado, da vida nacional à integração europeia”, lê-se na nova nota pastoral.
O documento, publicado nas vésperas da comemoração dos cinquenta anos do “25 de Abril”, acrescenta que estabilizada a situação no novo quadro constitucional, “muito se conseguiu para responder a várias necessidades da altura ou depois surgidas”, assinalando a “muita participação” também por parte de católicos politicamente comprometidos e de instituições de solidariedade social ligadas à Igreja”.
“Este mesmo impulso solidário, que ganhámos em cinquenta anos de vida democrática, é o que nos levará a todos, cidadãos dum país entretanto enriquecido com populações advindas doutros espaços e culturas, a atingir novas metas nos campos da família, da habitação e do trabalho, da educação e da saúde e de tudo o que garanta uma vida digna a quantos somos hoje e seremos amanhã. Vida devidamente respeitada e acompanhada em todas as suas fases e circunstâncias, da conceção à morte natural”, desenvolve.
Os bispos católicos de Portugal estiveram reunidos, desde segunda-feira, dia 8, na 209.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que terminou, esta quinta-feira, em Fátima, e aprovaram uma nota pastoral de congratulação sobre os 50 anos da Revolução do 25 de Abril.
“Retomemos as intenções dos autores do “25 de Abril”, no sentido da democratização do país, do fim da guerra e do desenvolvimento geral. Intenções que nos continuam a reclamar nos dias de hoje”, pode ler-se.
Os bispos refletem sobre a democracia, a paz, e o desenvolvimento, afirmando que os quatro princípios permanentes da Doutrina Social da Igreja (DSI) – ‘dignidade da pessoa humana’, ‘bem comum’, ‘subsidiariedade’ e ‘solidariedade’ – “levarão a prosseguir na senda então aberta”.
Sobre a democracia, a 209.ª Assembleia Plenária considera “necessário” que ela conte “com a liberdade e a responsabilidade dos cidadãos”, devidamente respeitados e estimulados para o incremento do bem comum, lembrando quanto à paz, que “é fruto da justiça, dando a cada um o que é devido para viver e conviver dignamente”.
O desenvolvimento ativa-se em cada pessoa, “respeitada e atendida no que requer para ser livre, criativa e responsável nas diversas projeções do seu ser”, e essa finalidade do desenvolvimento de todos e de cada um “constitui o verdadeiro objetivo da ação política”, alertando que não se pode garantir “quando encubra ambições de entidades ou grupos, económicos ou ideológicos, nacionais ou internacionais”.
Os bispos começam a nova nota a explicar que na comemoração dos 50 anos da “Revolução de 25 de Abril de 1974”, para além da congratulação, também têm uma palavra de “reflexão e revisão do caminho percorrido pela sociedade”, e lembram duas cartas pastorais da CEP: a Carta Pastoral no décimo aniversário da “Pacem in Terris”, 4 de maio de 1973, e, a Carta Pastoral sobre o contributo dos cristãos para a vida social e política, no dia 16 de julho de 1974.
(Com Ecclesia)